domingo, 29 de setembro de 2024

Alguns Poemetos Sem Nome N° 301

O tempo sai correndo, menino assustado, bicho arisco. Vai até as estrelas, acaba se cansando e volta. Mede, não mede. Erra, não erra. Faz, não faz. É pedra, não é. É pluma, nunca foi. Escuto seus passos na calçada, nem percebo. O vejo no espelho, não vejo nada. O novo que envelheceu, o velho que teimou em ficar ainda novo. O tempo sai correndo, menino arisco, bicho assustado.


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Eram pegadas, sim, eram pegadas. De um bicho estranho, muito esquisito, que andava sem saber o porquê, nem onde. Era por preguiça que se cansava, até que exausto, andasse mais, muito mais. Era valente, por ser covarde; de tanto ser mau, acabava sendo bom. Usava máscara, usava algumas. Para embelezar seu rosto, seu pobre rosto que mais feio ainda ficava. Sentia fome, muita fome, depois de um tempo que comia, a fome voltava. E a sede? Agia de igual forma, atormentando-o. Tinha sono, medo, dor, desejo, e sobretudo, sentia-se sozinho, por ser tão igual, mas assim mesmo, tão diferente. Teve começo, teria um fim; aquele soubemos, esse não. Eram pegadas, sim, eram pegadas. Espécie única, espécie rara - eu.


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Até o nada tem beleza. Não existe para quem não olha. Milhares de extensão de um grande vazio terno. Como foi antes que existisse algum tempo. Era um eterno e terno descanso. Sem cor e sem dor alguma. Inscrições antigas e indecifráveis, impossíveis de se ler. Não havia porque ler, nem olhos haviam. Até que - milagre - aconteceu algo, alguma coisa e nasceu o primeiro de todos os choros...


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Como os pombos e algumas outras aves - cato as migalhas de sonhos. Nesta grande praça do mundo, diariamente, esperando a misericórdia ou descuido de quem passa. Esqueço que tenho asas e navego o chão. Quase não olho o sol quente ou a chuva fina que cai. Talvez um gato me cace ou um carro me atropele. E aí foi apenas, mais um pombo...


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Nada do que eu faça vai até as estrelas. Nada do que peço segura o mar. Nada do que eu ore alguém escuta. Nada do que me acalente sossega o mar. Eu sou o solitário que passeia de drone. O drone falhará e eu cairei. Tentei conhecer a vida e da vida nada sei. Podem me perguntar e nada responderei. A boca se fechou até o fim do mundo. Não valho nada e nem um segundo. Quero trabalhar e sou vagabundo. Queria trabalhar e sou um mendigo. Queria voar e cprro perigo...


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Crueldade em letras garrafais, o menos e o mais. Indecisões de domingos solitários. As palavras apenas se escondem. Eu só tenho aquilo que tenho, o resto foi embora pela corrente. Era um rio, hoje secou e nem chegou ao mar. De todos os viventes, o mais desesperado, assim sou, está lá no script, ninguém pode mudar. Palcos cheios, plateias vazias. O que temos de melhor é o que temos de pior. Nosso sangue vai na contramão. Nossa dor não tem pressa, nem de chegar e nem de partir. Alguns falam de pequenidades e eu de desnecessidades...


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A água mudou de cor devido ao tempo, está parada, evaporando somente um pouco, um pouco. As folhas amarelaram e depois caíram, agora o chão, sabe-se lá até quando, até serem recolhidas e mais nada. A poeira pousou sorrateiramente sobre os móveis até encobri-los com sua mortalha fugaz. O metal foi se enferrujando devido à maresia e logo, logo, desabará em pequenos fragmentos. As fotos perderão todo seu sentido, os modelos não mais estarão lá. Só o tempo permanece, entretido em seus segundos no velho relógio, mas nunca saberemos até quando...

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