terça-feira, 1 de outubro de 2024

Alguns Poemetos Sem Nome N° 302

Falem que eu sou o pior, falem sempre. Que perco o pouco tempo que me resta com palavras inúteis e com sonhos carcomidos. Tentem jogar na minha cara realidades que não quero, pois a crueldade ainda não faz parte do meu miserável cardápio e ainda não me acostumei com elas. Digam que as nuvens são apenas grandes pedaços de água flutuantes que não servem nem para brinquedo e nem para admiração. Tentem me chamar a atenção para aquilo que não ligo, esqueçam que isso é um direito meu. Alguns preferem o chão sujo que está perto, eu prefiro o céu que mesmo longe, é bem mais bonito. Falem, falem o que quiserem, cada grão de poeira eu posso tornar em um verso...


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O poeta não tem ideologias, tudo aquilo que não é mau, nem é mesquinho, nem é violento, é o que ele carrega consigo. Mesmo quando mostra suas pirraças e tristeza, o fez com a melhor das intenções. O choro é um ato como qualquer outro, a tristeza é um fato inevitável que acontece em cada segundo que o tempo tem e em todo o espaço que é permitido. O poeta não carrega bandeiras, nem leva propósitos práticos, a arte existe por si mesma...


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Pobres máquinas! São obrigadas a olhar a imbecilidade dos homens no seu silêncio forçado de sons que não queriam fazer... Infelizes máquinas! Presas de uma urbanidade caduca que nunca escolheram fazer parte... Escravas máquinas! Que participam de um dia sem cores, que participam de um coral sem canto, que trabalham qual os mais infelizes que o sistema também transforma em máquinas... Máquinas, máquinas, máquinas! Pedaços de matéria que não escolheram seu destino, cadáveres que foram levados para uma cruel autópsia e nem mesmo estavam mortos...


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Como pássaros pousados em galhos, mas sem os galhos. Peixes nadando placidamente em águas inexistentes. Nuvens que pesam como pedras, mas flutuando. Cores carregadas de uma transparência irritante. Frutos que nunca tiveram sabor algum. Palavras sem sentido, mas que se repetem com insistência. Delírios em forma de pesadelos, semelhantes aos sonhos. Eis o que se pode chamar - vida.


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Tantos sinônimos, alguns exatos, outros mais ou menos, outros não. Apenas temos palavras, mas estas indecisões são como tintas. Vivemos misturando-as de forma constante e imprecisa. A cena está bem clara, mas de repente, a luz começa a piscar, assim vai várias e várias vezes, até que a lâmpada queima de uma vez por todas. Eu sou o homem de mil máscaras, só não sei qual é a original...


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Vou colocar cartazes com as tuas fotos em todas as paredes (mesmo as mais abandonadas), em todas as praças (até as menos frequentadas e esquecidas), na entrada de todos os bares (vai que alguém te viu passar rua dessas), em todos lugares, enfim. Não procuro a senhora que certamente serás hoje, essa não está ao alcance dos meus olhos cansados que um dia se fecharão para sempre. Procuro aquela menina de lindos olhos castanhos, a menina que certamente sonhava e que em seus sonhos, com certeza, eu nunca estive. Onde estás?


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A verdadeira felicidade não tem pressa. É feita como um quebra-cabeças de muitas peças que o menino paciente vai montando, dia após dia, hora após hora. Toda invenção surgiu de outra. O ineditismo tem outro nome, esse nome é genialidade. A fé é algo que não pode ser explicado. Uma simples pedra pode conter a divindade mais universal de todas. O homem é quem carrega em si o que há de melhor na criação, mas também o que é a de pior. A paz veio com os homens, mas a guerra também partiu deles...

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