Miserável, miserável, etílica, desgraçada,
Essa hora caída num pano sujo,
Roncando e babando no canto da boca,
Os mosquitos em bando te comendo
Nessa pocilga que um dia casa foi...
Destino, destino, inseto morto na parede,
Rato dando um rolé pelos esgotos,
A nova Hollywood de todos os miseráveis,
Tudo não vale aquilo que sempre vale,
Sou um cego dando tiros no escuro...
Porrada, porrada, a cara já se acostumou,
Por não ser nada é que eu sou tudo isso,
O cigarro aceso no canto da boca da puta,
Disputando lugar com o chicle já sem gosto,
Ambos beijarão o asfalto logo em breve...
Apodrecendo, apodrecendo, cada instante,
Grande guerra sem um disparo sequer,
Minha morbidez é apenas um cavalo de Troia,
Inventaremos um nome para a nova tristeza,
Assim como um prato inédito de restos de comida...
Camaleão, camaleão, pura tática de guerrilha,
Por um prato de comida vendemos nossa alma,
Por um copo d'água perdemos toda nossa razão,
Versos novos feitos de papel higiênico
E um otimismo feito aos mancos e barrancos...
Saltimbanco, saltimbanco, chegará a sua vez,
A água vai poder então esfriar da panela,
Não haverá mais nenhuma barriga para encher,
Tanto fará a estação em que estivermos,
Não haverão mais macarrões á meia-noite...
(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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