Busco meu coração de volta
Como quem perdeu o que não perdeu
Faço questão de mais nada
Como quem pisa em pedaços de vidro
Percorro todas as ruas do país
Igual quem é dono de todo tempo
A luz agora só pode incomodar
Aos insetos então em torno da lâmpada
Bato palmas nos portões das casas:
Alguém viu um coração por aí?
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Não se importo com esse som
Com o barulho dos meus pés na lama do tempo
Foi sem querer todos os pecados que cometi
Não espere mais de um cão que só ladra
Só morrerei na hora certa do incerto
Cigarros acesos são apenas um risco
Mas o maior de todos existentes é amar...
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Eu queria, eu juro que queria
Chamar tua nudez de outro nome
Cobri-la de uma vez com nuvens
Ou seria melhor com água límpida
De algum riacho por aí?
Com algum cristal mais brilhante
Que consiga roubar do sol?
Eu queria, juro que queria
Chamar tua nudez de outro nome
Posso chamá-la de fascínio?
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Um. Dois, Três.
Cada passo bem contado
Como formiguinhas em marcha.
Na verdade, é o que somos.
As estações se sucedem
Sem pena alguma de nós.
Todas as fábulas mentem...
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As gaiolas estão abertas.
Elas nunca tiveram portas.
Os pássaros podem voar.
Mas o medo os limita.
Todos têm medo dos céus.
Esses somos nós, sempre...
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Todas as fomes são iguais
A fisiologia tem lá seus caprichos
Mesmo em suas curvas
Os rios vão para o mesmo lugar
Águas brincam subindo e descendo
Enquanto ricos e miseráveis
Acabam parando de respirar...
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Desculpem poetas:
Meus carnavais não possuem
Fantasias bonitas e bem enfeitadas.
Meus amores são tão trágicos
Quanto um tango argentino.
Minha mente imagina
Mas acaba duvidando de tudo.
Eu não bardo algum de canções
Que possuem a habilidade dos gênios:
Eu sou apenas um triste
Que só possui palavras...
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