Como as asas de uma borboleta...
Elefantes de porcelana
Na penteadeira de dona Dora...
Todo vendaval chega rápido
E toda tristeza não demora...
Como pequenos objetos de cristal...
Cada passo que eu dei
Em um chão que não existe mais...
Hoje só temos dias de guerra
Aqueles foram os dias de paz...
Como medos de qualquer menino...
As tranças dos teus cabelos
Teus olhos que eram tão bonitos...
Hoje não mais sequer beleza
E todas as canções apenas gritos...
Como pequenas flores sem nome...
Os brinquedos que ganhei
Em tão passados dias de Natal...
Era quando eu não sabia
Que já existia o aquele mal...
Como vela acesa na ventania...
Talvez eu esteja vivo
Ou talvez esteja morto...
Amanhã será outro dia
Atracarei em outro porto...
Como as asas de um anjo...
(Extraído do livro "Espelho de Narciso" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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