Quando vi era tarde demais
Evitar quase impossível
Feito um temporal destes
Que chegam sem convite...
O relógio está quebrado...
O espelho caiu no chão...
E agora tenho a idade das pedras
Até que termine meu último poema
Escrito em frases numa só...
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Não quero falar de tristeza
Ela enjoa-me qual uma comida
Que comemos repetidamente...
Não quero me aproximar da paixão
Paixões são espinhos malvados
Que ferem mesmo não estando perto...
Não quero ser refém da solidão
Aprendi a fazer de quatro paredes
Um refúgio para esse seu ataque...
Quero falar da alegria, só dela...
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Vi escrito numa árvore:
Te amarei para todo o sempre!
Quem teve a coragem
De ferir um ser com tal mentira?
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Não há mais barcos para esse mar
As ondas agora estão cansadas
E os ventos desistiram de seu afã
A voz das sereias se emudeceu
E todos os segredos foram descobertos
Só restou-me então a areia
Onde faço meus castelos de engano...
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Paixões são serial-killers
Matam-nos sem piedade alguma
Sonhos são apenas quimeras
Que possuem apetite de nos devorar
E a vida? Essa é apenas um prelúdio
Da morte que nunca falhou até hoje...
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Quer poesia?
Enlouqueça todos os dias
Sem falhar nenhum...
Quer poesia?
Colha as palavras
Como quem colhe flores...
Quer poesia?
Voe o mais alto que puder
Mesmo sem ter asas...
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Quando nascemos - choramos
E a vida nos obrigou a repetir
Tal coisa até tornar um hábito...
Atravessemos todos os temporais
De forma que quando a morte
Vier finalmente nos buscar
Não sejamos nós quem chora...
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