sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Os Baiões

Todas as sextas são sábados

E pecados de família são eternos

Debaixo do angu estão as carnes

E até os esqueletos usam ternos...


Olha o baião de um!

Quem não tem nada e nenhum...


A pichação lambendo a parede

Só comemos em pratos de terracota

Eu não estudei pra prova de fogo

Mas os meus berros ninguém nota...


Olha o baião de dois!

No paraíso tem feijão com arroz...


Bonita é essa tua cara lambida

Que na foto triste e tão debochada

Em sonhos vejo águas que não têm

Pesadelos chegou a vez da escada...


Olha o baião de três!

Pago agora só pago final do mês...


Acabou de morrer a rosa do povo

Os tolos sempre serão os primeiros

Nem sei mais aquilo que faço

Meu preço agora é trinta dinheiros...


Olha o baião de quatro!

A vida nunca será um teatro...


Agora a moda é quem manda

Não há explicação para o explicado

Queremos só o que não queremos

O gato só tem medo do telhado...


Olha o baião de cinco!

Não tem mais barracão de zinco...


Cada um que dance apenas sozinho

Mesmo que seja no meio da multidão

A alegria não precisa de motivos

Assim como não precisa a compaixão...


Olha o baião de seis!

Já estou cansado volto ao um outra vez...


(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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