Desenhos desanimados
Amizade colorida sem cor
Um passado violento
Que vive pedindo perdão
Sob a forma de desculpa
Não queremos seus farrapos...
Covas semiabertas
Dedos apontados para o nada
O que feriu foi por querer
Toda estatística canalha
Finge seus desmaios
Até que a morte não separe...
Esquizofrenia vitoriana
Perversões históricas
O trem de ferro enferrujou
São tantas as Marias
Para tão poucos Josés
E um pedaço de pão velho...
O passado é o fantasma
Que engoliu o presente
Que quer matar o futuro
Capricha nas lições de casa
Pois os porcos no chiqueiro
Ainda reclamam por pérolas...
Sonetos perdidos do avô
Tamancos para os calos
Centopeias mais caseiras
Gritos no fundo do quintal
Grilos trancados em gavetas
O longo que temos mais breve...
Uma praga feito benção
Sangue correndo sem veias
Dois tiros e uma corrida
Beijos na boca fatídicos
Desastres com falsa comoção
Os pedreiros comeram pedra...
As contradições no varal
A perfeição é obra do acaso
A preguiça se esforça
Levante-se para poder cair
As bolas são quadradas
E os desenhos desanimados...
(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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