sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Alguns Poemetos Sem Nome N° 300

Estações mais loucas, sim, mais loucas. Em que o poeta não tinha nada ou nada tinha, bem menos que hoje, quando mesmo o calor era frio... Muita coisa apagada, isso não importa. Tantos rostos, sim, tantos rostos que saíram voando feito pássaros fugidos de um viveiro para um destino ignorado. Onde estarão? Tantos erros, muito sono... Alguns poucos detalhes sobreviventes nesta memória tão fragmentada...


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Talvez houvessem dias como estes ainda em meu pacote de respiros. Talvez um som aparecesse nessa madrugada silenciosa que me encontro. E a tranquilidade fosse apenas uma aparência. Nunca se sabe e nunca saberemos. Talvez a lâmina perdeu seu corte e agora seja apenas uma lâmina. Talvez a maldade tenha caído no chão e se quebrado qual um vidro frágil e tal barato. Nada queremos mesmo quando nossa ânsia é a maior de todas. Talvez eu esteja livre e ainda não percebi isso. Talvez a máscara tenha caído e atrás dela meu rosto fosse a mesma coisa. Nas nuvens estão os meus enigmas, nas nuvens...


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Velas acesas sem motivo, chama ao acaso, acaso também esses meus olhos, tristes e vãos. Vãos que me dão medo, entre tantos corredores que não dão em lugar algum. Algum sonho, se assim houverem, se não forem delírios nossos. Nossos os absurdos de desejos, piadas contadas e mau-gosto, não somos nada. Nada, nada, apenas algumas palavras soltas...


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Espero que não seja tarde demais. Antes que esse vidro se quebre em caso de emergência. Que esse coração não pare de uma vez por todas, Que essa música não termine sem algum outro dia para tê-la novamente. Talvez esse vento não se canse como o corpo, talvez a alma não saia dele ainda. Talvez as folhas ainda bailem no silêncio da rua ainda escura. E a escuridão não cegue meus olhos de quase gato. E esse companheiro maldito ainda possa se acender, mesmo com a má intenção costumeira que mesmo assim me deixa menos só. Uma outra hora, um outro virá apertar o botão e tudo será apagado, não deixando nada para o futuro dos que não queriam nada por agora...


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Isso é mentira, uma grande mentira como qualquer outra que sai da boca dos homens. No meio da tolice pode vir alguma piedade, enquanto em nome da verdade, a sabedoria acaba virando o rosto. Isso é mentira, uma grande mentira como qualquer outra que é escrita em pedras que também se tornarão pó dia destes. Todo amor é bruto, os poetas quase sempre se enganam, nenhum diamante sai das entranhas da terra lapidado. Esperar por isso é o mesmo que esperar que o dia venha de madrugada. Isso é mentira, apenas uma grande mentira...


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Quando lhe faltar medo, compre logo um... Ele nem sempre lhe impede de realizar aquilo que deveria fazer, não é isso. Ele impede que os espinhos lhe machuquem de forma desnecessária. Ele avisa que antes de pular no abismo, verifique se colocou suas asas. Ele pode até vir com outro nome - cautela...


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Se olhou no espelho? Ah, sim... Olhe novamente! Teve uma surpresa? Pois não é o mesmo de um instante atrás... Pode parecer, mas não é! O rosto pode parecer o mesmo, mas envelheceu algum tempo, o tempo realiza muito bem suas tarefas... Pode parecer, mas não é! A sua roupa (ou a falta dela) será um simples detalhe que vai mudar hora dessas... Se olhou no espelho? Ah, sim... Cansou? O que não cansa? Até aquilo que parece nos agradar...


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Gradualmente tudo envelhece. E os personagens de velhas fotografias só repetem a mesma pose porque a continuidade pode ser um castigo. Muito daquilo que guardarmos é como cadáveres de insetos. Não possuem a morbidez dos nossos...   

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