Meia hora para o café estar pronto - quase uma eternidade
Todos os tamanhos só são meros tamanhos - pura ilusão
O sonho de ontem pode ser apenas pesadelo - apodreceu
Ah, minha poesia é apenas um grito de um mero afogado
Toda rima preciosa em versos perfeitos - acabou falhando
Vamos contando quanto falta para a partida - se pudermos
Há um demônio novo estampado na manchete - como sempre
Ah, minha poesia é apenas beijo babado na cara da mídia
Sobretudo a maldade acaba indo a nocaute - está no roteiro
Ser chamado de animal nos dias de hoje - é um ótimo elogio
Minha tristeza tem saudades de onde veio - veio do peito
Ah, minha poesia chega como um vento frio pela janela
Todos os meus vícios chegaram de forma sutil - roleta-russa
Ando uivando mesmo que não existam luas - sem madrugada
Sempre anoto todas as minhas mentiras - não posso errar
Ah, minha poesia quase desapareceu num dia destes qualquer
A sujeira da minha cidade não me causa mais nojo - acostumei
Esse cheiro de urina velha na rodoviária - ele acontece
Até quem fala somente em risos - não pode evitar seu choro
Ah, minha poesia não consegue sair mais desta gaiola
Meia hora para o café acabar - quase um segundo
Todos os tamanhos só são meros tamanhos - pura ilusão
O sonho de ontem pode ser apenas pesadelo - murchou
Ah, minha poesia é apenas um grito de um mero afogado...
(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida)
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