quinta-feira, 15 de agosto de 2024

Alguns Poemetos Sem Nome N° 283

Todas as negativas numa só

Meu silêncio percorrerá a noite

Como um pássaro mais noturno

Que mesmo assim corre em céus

Não estou de luto é apenas assim...


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Flores nascidas entre pedras

Madrugada fria de tempestade

Eu que gostaria de parar o tempo

Jogar finalmente o relógio fora

Nunca fui bem-educado e sem modos

Procuro asas para meu abismo...


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Não há mais pegadas

Estou flutuando

Não têm mais vestígios

Eu me escondo

Sumiram todas as marcas

O tempo apagou

Procurem as palavras

Foi tudo que me restou...


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Na época que não tinha época

Perdi as contas de quantas vezes

Subi e desci aquele velho morro

Eu tinha medo daquela altura

Mas ao mesmo tempo não

A inocência do menino que fui

Era tudo que me bastava...


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Vampiro com medo de escuridão

Morto que teima em sobreviver

Como não poderia me entristecer

Com tanta maldade pelo mundo?

Carrasco que falta ao serviço

Burguês que despreza dinheiro

Como poderia não aparecer

Se eu mesmo sou a multidão...


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Eu sou tão velho...:

Latas de óleo para as linhas

Tamancos para os passeios

Arroz para colar as pipas

Namoradas sem quase beijos

Carnavais mais inocentes

Vila Sésamo tão esperada

Caixas-surpresas de doces

Uniformes feios tão bonitos

Eu fui tão velho...


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Posso fazer tudo ao inverso -

Soltar balões para que desçam

Pássaros em exaustivas caminhadas

Rios que vão para a nascente

Ternuras quase indiferentes

Nuvens bêbadas que não chovem

Ventos que deixam folhas sossegadas

Espelhos tímidos sem reflexos

Posso fazer tudo ao inverso...

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