Todas as negativas numa só
Meu silêncio percorrerá a noite
Como um pássaro mais noturno
Que mesmo assim corre em céus
Não estou de luto é apenas assim...
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Flores nascidas entre pedras
Madrugada fria de tempestade
Eu que gostaria de parar o tempo
Jogar finalmente o relógio fora
Nunca fui bem-educado e sem modos
Procuro asas para meu abismo...
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Não há mais pegadas
Estou flutuando
Não têm mais vestígios
Eu me escondo
Sumiram todas as marcas
O tempo apagou
Procurem as palavras
Foi tudo que me restou...
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Na época que não tinha época
Perdi as contas de quantas vezes
Subi e desci aquele velho morro
Eu tinha medo daquela altura
Mas ao mesmo tempo não
A inocência do menino que fui
Era tudo que me bastava...
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Vampiro com medo de escuridão
Morto que teima em sobreviver
Como não poderia me entristecer
Com tanta maldade pelo mundo?
Carrasco que falta ao serviço
Burguês que despreza dinheiro
Como poderia não aparecer
Se eu mesmo sou a multidão...
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Eu sou tão velho...:
Latas de óleo para as linhas
Tamancos para os passeios
Arroz para colar as pipas
Namoradas sem quase beijos
Carnavais mais inocentes
Vila Sésamo tão esperada
Caixas-surpresas de doces
Uniformes feios tão bonitos
Eu fui tão velho...
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Posso fazer tudo ao inverso -
Soltar balões para que desçam
Pássaros em exaustivas caminhadas
Rios que vão para a nascente
Ternuras quase indiferentes
Nuvens bêbadas que não chovem
Ventos que deixam folhas sossegadas
Espelhos tímidos sem reflexos
Posso fazer tudo ao inverso...
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