Da ponta de lá do casaco
Puxaram toda a linha
Assim é e assim será
Cada loucura com seu brinquedo
E suas escadas para cair
Lá vem os que lá vem
Um segundo não faz a diferença
Um segundo é a diferença
Desculpe meu sotaque carioca
Eu vivo me escondendo em matagais
Sou apenas mais um de muitos
Toda quase beleza com sua desculpa
A estética sempre foi má aluna
Procuramos eternidade no efêmero
Como falavam nabos em sacos
A metade da loucura está no meio
Certas manhãs chegam à tarde
A minha maior máscara não é mais
Esta solidão agora chega em bando
Sem uísque ou cerveja ou cachaça
Apenas a saliva dos meros incógnitos
Não há mais o porquê de perguntas
As respostas não mais falarão assim
Terminei o curso de cinismo quase agora
Talvez mais um nome na minha lápide
Todos os beijos valem alguma coisa
Imortalidade em sonoros rabiscos
Vários atores no palco encenam
Mas só um na plateia tolamente aplaude
Que arte sobreviveu nestes dias felizes
Os fadistas desconhecem seu fado
O meu dicionário tem lá suas anomalias
Tudo começou pelo começo
Da ponta de lá do casaco...
(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).
Nenhum comentário:
Postar um comentário