quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Helênicas

Da ponta de lá do casaco

Puxaram toda a linha

Assim é e assim será

Cada loucura com seu brinquedo

E suas escadas para cair

Lá vem os que lá vem

Um segundo não faz a diferença

Um segundo é a diferença

Desculpe meu sotaque carioca

Eu vivo me escondendo em matagais

Sou apenas mais um de muitos

Toda quase beleza com sua desculpa

A estética sempre foi má aluna

Procuramos eternidade no efêmero

Como falavam nabos em sacos

A metade da loucura está no meio

Certas manhãs chegam à tarde

A minha maior máscara não é mais

Esta solidão agora chega em bando

Sem uísque ou cerveja ou cachaça

Apenas a saliva dos meros incógnitos 

Não há mais o porquê de perguntas

As respostas não mais falarão assim

Terminei o curso de cinismo quase agora

Talvez mais um nome na minha lápide

Todos os beijos valem alguma coisa

Imortalidade em sonoros rabiscos

Vários atores no palco encenam

Mas só um na plateia tolamente aplaude

Que arte sobreviveu nestes dias felizes

Os fadistas desconhecem seu fado

O meu dicionário tem lá suas anomalias

Tudo começou pelo começo 

Da ponta de lá do casaco...


(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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