sábado, 24 de agosto de 2024

Alguns Poemetos Sem Nome N° 285

 

Hoje a lua está de folga. Se escondeu atrás das nuvens para descansar. Não iluminará os tetos das casas dos que dormem. Não auxiliará os passantes de ruas quase vazias. Não embalará bêbedos que não voltaram para seus lares. Quer fingir que não está escutando o funk. Dispensou o concerto lúgubre de noturno pássaros. Mandou recado para o sol que este faça sua tarefa amanhã. Talvez volte noite seguinte. Hoje a lua está de folga...


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Para que rirmos de marionetes se também somos? Somos marionetes da pior espécie - achamos que somos livres, mas nunca fomos. Para que rirmos de palhaços se também somos? No grande picadeiro do mundo, apenas vivemos e isso nos basta. Para que rirmos dos tolos se também somos? Pensamos que pensamos que pensamos...


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Todo inédito tem um quê de repetitivo. Tentamos inventar algo, mas só tentamos. Toda tecnologia acaba sendo obsoleta, isso da forma mais rápida possível. Era final de ano (me lembro muito bem). Titia deu um rádio de pilha laranja e branco para cada um dos meus primos. Como gostaram! Aonde estão os rádios? Nenhum deles sabe onde foi parar...


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Sabe como é? Às vezes eu me sinto enjoado, enjoado comigo mesmo. Esse meu desconforto ante tantas coisas acaba atingindo seu objetivo, É triste? Mas é assim que funciona... Nada permanece em seu lugar, naquele que deveria permanecer. Mas eu de tanto que passei por isso, aprendi a me conformar ou pelo menos ficar num silêncio mais ou menos cínico...


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Quanto mais tempo temos, menos temos. Nossas invenções acabam nos acorrentando em nossas celas sem portas. Nunca saímos, não porque não podemos, mas porque não queremos. Nossa simplicidade que nunca foi simples, agora é bem menor. Cada vez menos nos contentamos com algo. Até o amor está na mira do tiro. Nos tornamos acumuladores doentios. Isso não podemos negar. Mesmo sabendo que na hora da partida, nada nos acompanha...


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Cada lágrima é um pedaço de mar. Um mar escuro e obscuro que o peito abriga. Maior do que todos que os mapas possuem. Mais antigo do que o próprio tempo. Cada riso é um raio de luz. Desses vadios que invadem casas. Que descobrem segredos bem guardados. Que atravessam campos de batalha sem medo algum. Cada amor é um deus querendo nascer. Não há o que possa impedi-lo. Todas as façanhas são simples gestos. Cada passo que dá atravessa o infinito mais rápido do que a luz. Cada verso já estava aqui,,,


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As teias tomaram conta das paredes. Junto com pequenas manchas enigmáticas que acabaram por aparecer. Nem eu mesmo sei se o tempo está frio ou está quente. O barulho do silêncio acaba incomodando da mesma forma. Surpresas falhas de algum passado que não sei qual medida exata. Toda propulsão um dia acaba e a próxima será outra. Pular no abismo é uma opção quase qualquer. Não gostaria de ser o que sou se pudesse adivinhar. Levanto da cadeira para acender o cigarro no fogão da cozinha. Meu isqueiro acabou o gás. Pareço com quem busca uma fogueira na escuridão. 

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