segunda-feira, 12 de agosto de 2024

A Minha Estrada Sou Eu

A minha estrada sou eu...

Milhares de quilômetros percorridos

Passos apressados de minhas veias

Caminhos quentes como o sertão

Líquidos temporais vermelhos

Inúmeros passos sem um sequer...


O meu mundo sou eu...

Inúmeras maldades em cada segundo

Pecados inconfessos para serem perdoados

As quatro paredes do triste quarto são

Tudo aquilo que a velhice necessita

Ou ainda esse quintal que tem pena de mim...


O meu sonho sou eu...

Mesmo sendo assustador feito pesadelo

Todos eles vieram desta minha pobre alma

E brincarão em quaisquer nuvens existentes

Em dias que o sol reine entre todas elas

Ou ainda em tempestades que calem os dias...


O meu desejo sou eu...

Ainda que pareça uma febre que faça delírios

Ou que transforme a inocência em malícia

Que faça a ternura espinhos que firam

Ele me acompanhará até o último suspiro

Seja ele de qualquer uma torpe natureza...


O meu amor sou eu...

Narciso está enganado com seu espelho

Caiu na arapuca que não estava armada

O verdadeiro amor planta suas raízes

E aquele meu foi embora com passos leves

E me mostrou que até morrer pode ser melhor...


A minha estrada sou eu...

Cada pedra que eu pisei estando descalço

Cada machucado que não parou de sangrar

Cada ferida que dispensa alguma cicatriz

E que me lembra sua proposital existência

É aquilo que de alguma forma eu sou e serei...


Eu sou... Eu sou... Eu sou...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...