A minha estrada sou eu...
Milhares de quilômetros percorridos
Passos apressados de minhas veias
Caminhos quentes como o sertão
Líquidos temporais vermelhos
Inúmeros passos sem um sequer...
O meu mundo sou eu...
Inúmeras maldades em cada segundo
Pecados inconfessos para serem perdoados
As quatro paredes do triste quarto são
Tudo aquilo que a velhice necessita
Ou ainda esse quintal que tem pena de mim...
O meu sonho sou eu...
Mesmo sendo assustador feito pesadelo
Todos eles vieram desta minha pobre alma
E brincarão em quaisquer nuvens existentes
Em dias que o sol reine entre todas elas
Ou ainda em tempestades que calem os dias...
O meu desejo sou eu...
Ainda que pareça uma febre que faça delírios
Ou que transforme a inocência em malícia
Que faça a ternura espinhos que firam
Ele me acompanhará até o último suspiro
Seja ele de qualquer uma torpe natureza...
O meu amor sou eu...
Narciso está enganado com seu espelho
Caiu na arapuca que não estava armada
O verdadeiro amor planta suas raízes
E aquele meu foi embora com passos leves
E me mostrou que até morrer pode ser melhor...
A minha estrada sou eu...
Cada pedra que eu pisei estando descalço
Cada machucado que não parou de sangrar
Cada ferida que dispensa alguma cicatriz
E que me lembra sua proposital existência
É aquilo que de alguma forma eu sou e serei...
Eu sou... Eu sou... Eu sou...
(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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