E o GP fingiu quase solenemente o seu gozo
E o paciente inquieto está na casa de repouso
Eu não tenho nada com as palmas que me deram
Enquanto os urubus a minha carcaça esperam
Eu sou grande como o menor dos menores
E a minha solidão é apenas a pior das piores
Canto e danço como um copo de geleia na mão
Enquanto a minha cabeça roda que nem pião
Meus pés doem tanto como num drama mexicano
E quase sempre eu me esqueço que sou humano
Sou humano sim acho que acabei dando azar
Ou ainda tenho falta de sorte como queiram chamar
Meus pobres versos são longos demais e daí?
Mais longos ainda são os dias que eu não vivi
O começo de toda sanidade se chama loucura
No meio das tuas pernas existe uma mata escura
Quantos mais erros aí mesmo que eu acerto
No meio de tantas multidões eu estava no deserto
Nenhuma arma pode me defender de mim mesmo
Pois sou um franco-atirador atirando à esmo
Bandeiras! Bandeiras! Todas elas para o alto!
Temos medo de qualquer segundo como um assalto
E o GP fingiu quase solenemente o seu gozo
Revirou seus olhos num ritual mais tenebroso
Enquanto riu como se fosse o mais malvado menino
E eu o que sou? Apenas mais um triste libertino...
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