domingo, 18 de agosto de 2024

Carliniana LVI ( Libertino )

E o GP fingiu quase solenemente o seu gozo

E o paciente inquieto está na casa de repouso

Eu não tenho nada com as palmas que me deram

Enquanto os urubus a minha carcaça esperam

Eu sou grande como o menor dos menores

E a minha solidão é apenas a pior das piores

Canto e danço como um copo de geleia na mão

Enquanto a minha cabeça roda que nem pião

Meus pés doem tanto como num drama mexicano

E quase sempre eu me esqueço que sou humano

Sou humano sim acho que acabei dando azar

Ou ainda tenho falta de sorte como queiram chamar

Meus pobres versos são longos demais e daí?

Mais longos ainda são os dias que eu não vivi

O começo de toda sanidade se chama loucura

No meio das tuas pernas existe uma mata escura

Quantos mais erros aí mesmo que eu acerto

No meio de tantas multidões eu estava no deserto

Nenhuma arma pode me defender de mim mesmo

Pois sou um franco-atirador atirando à esmo

Bandeiras! Bandeiras! Todas elas para o alto!

Temos medo de qualquer segundo como um assalto

E o GP fingiu quase solenemente o seu gozo

Revirou seus olhos num ritual mais tenebroso

Enquanto riu como se fosse o mais malvado menino

E eu o que sou? Apenas mais um triste libertino...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...