Ela usava conga com ares de songa-monga.
Eu sou sempre meu prisioneiro primeiro.
Cada bem adquirido um dia será perdido.
Se cagar no chão limpe com a mão.
Era tão bonita e hoje tá que nem cabrita.
Quem foi quem que diga logo amém.
Cada segundo é um nada nessa estrada.
Como faremos se nem ao menos vemos.
Tudo agora está fosco e com certeza tosco.
Os vidros estão quebrados e espalhados.
Coincidentemente perdi a minha mente.
Todos os tolos erraram com dolos.
Muito esperar é o mesmo que desesperar.
Só tomaremos café da manhã se for amanhã.
O tempo que brinca comigo me traz perigo.
A pobreza de Narcisa de mais nada precisa.
Até os grandes ditadores sentiram dores.
Toda condição humana é mais que profana.
Tudo aquilo que desejei foi o que não beijei.
E aquela vida malvada só dava risada.
Farei novos códigos para os filhos pródigos.
Toda seriedade é viciada em sobriedade.
Senti uma sensação estranha nesta artimanha.
Qualquer reticência tem alguma ciência.
Cada um cava sua cova para a nova prova.
Nunca mais falem de coisas que me calem.
Esqueci seu nome assim como de minha fome.
Pular no desfiladeiro agora rende dinheiro.
Todo profeta entrou nesse mundo de penetra.
A palma e a vaia são da mesma laia.
Todo mais que mais é um tanto falaz.
Na livre feira cada qual com sua maneira.
No meio do insólito e do absurdo sou mudo-surdo.
(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).