quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Estados Intermediários ou Do Medo Como Ele É

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Medo do sim.
E medo do não.
O caminho do meio.
A aflição.
Eu queria a felicidade, ah, como eu queria. Mas ao cair neste mundo só consegui alegria. Momentos alegres que me enganaram, eu pensei que era feliz, mas tudo passou...
Medo do amor.
E medo da paixão.
No meio da luz.
Só há escuridão.
Pensamos que o amor chega, ele só parte. Sua despedida é um gesto vazio. A crueldade nunca pensa duas vezes, cumpre sempre seu papel e acaba nos matando mesmo vivos...
Medo da desejo.
E medo da satisfação.
Somos grandes heróis.
Sem o pelotão.
No mundo em que vivemos há tanta covardia. Poucos com muito e muitos com tão pouco. A injustiça faz seus discursos em praças públicas e é aplaudida até a exaustão pelas palmas dos tolos. Nada está bem, nunca esteve, não sabemos se estará...
Medo do freio.
E medo da colisão.
Roubam nosso sono.
Nossa contemplação.
O que é feio? O que é bonito? A verdade faz cara feia e zangada. A mentira serve bolinhos com chá todas as tardes. A vida nos mata aos poucos para maior tortura. E a morte se mantem calada e cumprindo sempre seu dever de casa...
Medo do inexplicável.
E medo da explicação.
A folia é a missa
E o carnaval é a religião.
Fechemos os olhos com diversas vendas. Afinal, nem mesmo animais somos de vez em quando. Nossos instintos foram mortos por nossas convenções babacas. Nossa esperteza é a grande burrice. Somos animais de carga...
Medo do assim.
E medo do então.
Os mesmos trapos
São a moda da estação.
Com tontura ou sem tontura. Vertigens até sem sair do chão. Vamos seguindo em frente, o tempo nos empurra. Ladeiras acima, ladeiras abaixo. Por que? Quem sabe pode me contar? Se não, seja bem-vindo, é mais um...
Medo do sim.
E medo do não.
O caminho do meio.
A aflição.

(Extraído do livro "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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