Não há nada dentro do peito.
O que havia? Já morreu...
E no vazio deixado pelo amor
O meu ódio assim preencheu...
Um ódio que também ama.
Um ódio assim meio esquisito.
Um ódio pequeno e curto,
Mas bem maior que o infinito...
Não há nada dentro do peito.
O que havia? Já morreu...
E mesmo tendo morrido
Esse meu amor renasceu...
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Andar, andar e andar. Como um caçador, só que em uma floresta diferente. Uma floresta barulhenta e com animais bem mais selvagens. Animais de metal e muitas faces sujas. Um cheiro desagradável empesteia todo ar. Junto com ele, outros cheiros, cheiros agradáveis de sutis armadilhas. A morte não se veste mais de preto, se veste de cores mais agradáveis e roupas menores. Eu sei o que fazer, mas ao mesmo tempo não, a pressa é uma droga que entorpece como qualquer outra. Gostaria de falar algo mais bonito, mas não consigo. Até os pombos (tão românticos para uns) olham de soslaio com medo. Lamento, mas esta é minha cidade também...
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Não foi nada,
apenas...
o brinquedo quebrou,
o dia escureceu,
meu amor me largou,
minh'alma morreu...
Não foi nada,
apenas...
o medo chegou,
o desesperou correu,
a saudade aumentou,
minh'alma morreu...
Não foi nada,
apenas...
o meu rio secou,
o destino me bateu,
não sei mais quem sou,
minh'alma morreu...
Não foi nada,
apenas isso...
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Há um trem vindo por aí. Não tem pressa e nem preguiça para chegar. Chegará na hora certa, cumprirá seu horário de forma matemática e tudo vai acontecer. Porém, esse horário é desconhecido. É um trem diferente dos outros, só pegará um passageiro de cada vez, mesmo quando pareça que muitos sobem nele de uma vez. Ele levará seu passageiro, ainda um pouco assustado, para terras que ele não se lembra mais. Esse trem é a morte...
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Pingos d'água,
guerra no céu,
folhas mortas,
desfile de rua,
sombras andando,
dança das horas,
perigo iminente,
nossos dias,
sono profundo,
rota de fuga,
mais nada...
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Batemos palmas, somos cegos. Deixamos a injustiça reinar, estúpidos somos. Esquecemos a verdade, mas isso não impede que ela trilhe seu caminho. O tempo não conhece cansaço. Queremos tudo, nada temos na verdade. Encenamos uma peça mal ensaiada, nada adianta. Todo sangue é vermelho e toda carne dói. Toda fome oprime e o ar às vezes é negado. Caem as máscaras, todas são de vidro. Só quem não procura acaba achando. Só pequenos detalhes merecem nossa atenção. Quase mortos dia após dia. Batemos palmas, não somos nada, apenas as palmas...
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Escuto o barulho do silêncio
e ele oprime minha alma,
bem mais que um incômodo...
Eu sou a sombra que vagueia
e me vulto é assustador...
Vejo apenas uma nesga de luz
que veio lá longe das estrelas,
as únicas que têm pena de mim...
Pena não poder guardá-la,
para o dia escuro que logo virá...
Escuto um barulho inquietante,
são as batidas do meu coração...
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