Os corpos nem sempre falam,
mas sempre gritam...
Os sonhos nem sempre acontecem,
mas muitos são malvados...
A loucura e a insanidade nem sempre convivem,
mas são velhas conhecidas...
Nem sempre venenos matam,
mas a amargura age homeopaticamente...
As nuvens estão no alto,
mas a imaginação cavalga nelas...
Nem sempre tive tudo o que queria,
mas o que não queria bem mais...
Cada dor é única
mesmo quando venham sucessivamente...
Não serei ingrato para a escuridão,
ela esconde bem minhas mágoas...
Todo o mal que fiz para mim
acabou não sendo suficiente...
Meus versos me acolheram
e me proporcionam sobrevivência...
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Quando eu era menino,
sonhava com todas as possibilidades
da impossibilidade acontecer
Quando eu era menino,
achava que a simplicidade bastava
porque era a própria perfeição
Quando eu era menino,
acreditava nos maiores absurdos
até que os maus poderiam ser bons
Quando eu era menino,
pensava que o choro acabaria
quando as lágrimas se esgotassem
Quando eu era menino,
achava que a beleza era além dos olhos
e que ela vivia dentro das pessoas
Quando eu era menino,
tinha certeza que o pesadelo acabaria
e um dia acordaríamos da vida
Quando eu era menino,
não compreendia quase nada
e a morte era apenas uma fantasia feia
Quando eu era menino,
eu pensava que nunca iria embora
mas o velho tomou seu lugar faz tempo...
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Os chinelos do tempo
se arrastam sinistramente
pelos corredores
da nossa história
enquanto sua sombra
vai dando medo
Em suas mãos aceso
um toco de vela
há uma corrente de ar
que vai variando
sem controle algum
Será o tempo
a própria morte
ou tudo num pacote só
é apenas ilusão?
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O enigma está decifrado
a chave não serve mais
porque a porta está aberta
ser algo ou alguma coisa
não faz diferença alguma
nem a tristeza pode me afligir
nenhuma dor me fez tremer
não lerei mais alguma carta
nenhum aviso me impedirá
das loucuras que sempre quis
sou apenas um caminhante
perdido na escuridão...
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O menino ganhou três pássaros
o primeiro é a vida
ele o bicará apesar de todos os carinhos
todos os cuidados que ele tiver com ele
quando ele fugir
e deixar saudades do seu canto
ele cuidará do segundo - a morte
o segundo não o bicará nunca
e nunca o deixará
mesmo com a porta da gaiola aberta
mas nunca emitirá um som sequer
o terceiro é o sonho
esse poderá cantar ou não
poderá bicá-lo ou não
mas o acompanhará sempre
pousado em seu ombro
e sempre fora da gaiola...
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A aflição é apenas um detalhe
a insensibilidade anestesiou-me
uma voz canta um blues no final do salão
enquanto o álcool desce solene
por minha garganta para o meu estômago
ele subirá tão alto que ultrapassará minha cabeça
e irá parar em minha alma
não gostaria que fosse assim
mas a maioria das coisas não é
assim como queremos...
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Para fazer versos
é preciso saber escrever
para fazer canções
é preciso saber cantar
para ir pelo caminho
há de se ter pés
e força suficiente
para não se cansar
mas para sonhar
só tendo alma
e isso nem todos têm...
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