Eis que esse sol me queima
Bem mais que a rosa
O dia nunca vestiu traje algum
É engano pensarmos isso
Coisas boas e más
São apenas coisas
Estar morto ou vivo
É apenas uma
Mera questão de perspectiva...
..................................................................................................................................................................
Chuva fina
Chuva grossa
Molha a esquina
E a palhoça
Chuva grossa
Chuva fina
Molha a roça
E a menina
Chuva da chuva
Enche o rio
Minh’alma viúva
Treme de frio...
...................................................................................................................................................................
É cumplicidade sem limites
Desrespeita quaisquer padrões
Tem a sanha dos amantes
E a esperteza dos ladrões
É terra sem fronteiras
Acabaram todas questões
Tem o encanto das flores
E a riqueza dos barões
Mas também é triste e pobre
Tem o susto dos clarões
É tão sujo e é tão nobre
É feito de muitas imensidões
É carnaval o ano todo
Vamos entrar nos cordões
São histórias mais antigas
Como a luz dos lampiões
...................................................................................................................................................................
Quando você me ver
Aparecendo no caminho
Fique em silêncio
Não diga mais nada
Acabei de chegar de muitas terras
Que afinal nem mesmo conhecia
Não me pergunte como estou
Todo tempo é cansativo
E tenho todos os motivos do mundo
Para não querer me cansar mais
Apenas me olhe – é isso
Este é o maior segredo de todos
O seu olhar me falará tudo
O que eu gostaria de escutar
...................................................................................................................................................................
São chuvas, senhor, são chuvas!
Gritava em algum desespero
O maior dentre todos os sonhadores...
São mares, senhora, são mares!
Sussurrava quase mudo e cabisbaixo
Aquele que tentou matar a tristeza...
São nuvens, jovem, são nuvens!
Tentava falar quase de forma vã
O velho que tentou engolir o tempo...
Não é nada, amada, não é nada!
Foi a última coisa que tentei falar
Quando o teu amor me matou...
............................................................................................................
Já pensei,
Está pensado e acabou,
Sou teimoso demais
Até para poder viver.
Há muitas coisas que quero,
A maioria muito simples,
Mas são as que quero
E isso já me basta.
Viver é um ato de teimosia,
Até a morte admira isso.
Viver é ser o próprio tempo,
Um segundo ou muitos anos,
É apenas um detalhe...
............................................................................................................
Sal e som
Tal e tom
Mal e bom
Espelhos que dançam
Sob a luz das estrelas
Que as fogueiras fazem
Sal e som
Tal e tom
Mal e bom
Águas com muita pressa
Para encontrar o amor
Que foge para um mar
Sal e som
Tal e tom
Mal e bom
As mesmas palavras ecoam
Mesmo sem usarem as bocas
Que num dia passado ecoaram
Sal e som
Tal e tom
Mal e bom...
............................................................................................................
Nenhum comentário:
Postar um comentário