Não tem mais nome
não tem mais cor
não tem mais história
não tem mais ideia
longe de quase tudo
vai andando
sozinho...
Até as flores lhe viram o rosto
o tempo balança sobre sua cabeça
o chão acaba faltando
o pé dói como quebrado
o nariz cheio de poeira
o gosto amargo na boca...
É vida que é quase morte
é o choro quase grito
o intervalo de quase show...
As vírgulas viram ponto final
mas as reticências continuam...
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Não me espere em lugar algum
eu desisti de percorrer todas as terras
ficarei apenas no meu canto
imóvel e em pleno silêncio
até que o fim chegue começando
a me pedir descabidas desculpas
todo recomeço é um reperigo
doer duas vezes é gostar da dor
dar a face para o amor te esmurrar
é apenas uma babaquice
que costumamos fazer até não poder mais
pois eu não posso e não devo
a senhora que gostava de margaridas
e dos manacás que nunca teve
que me espere apenas mais um pouco...
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A lágrima escorre
o tempo escorre
na impassível solidão
daqueles meus medos
O tempo escorre
a cera escorre
e eu quero apagar
tudo que a vida me feriu
A cera escorre
a água escorre
não sei mais onde
o rio vai chegar um dia
A água escorre
a razão escorre
não tenho mais pecados
para eu mesmo me perdoar
A razão escorre
a lágrima escorre
quero virar a cara para a parede
até poder não ver mais nada...
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Não pense, menino,
não pense,
pensar faz mal,
olhe as nuvens
Nelas você encontra
tantas brincadeiras,
poderá ver o sol
bem mais de perto
Não chore, menino,
não chore,
chorar não adianta nada,
nunca adiantou
Se a alegria foi embora,
ela foi porque quis,
ela é muito rápida
não adianta correr atrás...
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Ela veste preto,
mostra as formas vulgares
com a vergonha que nunca teve,
eu aperto meu coração
como quem se mata
continuando vivo
e maldizendo isso,
ninguém tem pena de ninguém,
não, isso é mentira,
até a bondade sabe mentir,
por isso parece tão boa,
sinto o amor e nojo
todos misturados na mesma panela,
levemos ao fogo,
porque temos fome de ilusão,
ela veste preto,
mas o luto da minha alma é
até bem mais escuro que isso...
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Cada ferida dói,
mas não a maioria não mata,
só a tortura interessa
para a nossa dor.
Cada ilusão cega,
mas o dono do nosso abismo
é o nosso amor
que nos empurra nele.
Brindemos então,
a nossa lágrima de cada dia,
a nossa desesperança constante
bem pior que a nossa morte...
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O poeta que diz que não sofre - mente
quem diz que o amor é bom - se engana
quem diz que o sonho não é malvado - é tolo
O poeta que diz que não sofre - disfarça
quem diz que o amor é bom - apenas deseja
quem diz que o sonho não é malvado - o desconhece
O poeta que diz que não sofre - não entende nada
quem diz que o amor é bom - gosta de sofrer
quem diz que o sonho não é malvado - acabou de morrer...
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