Olho sempre para o espelho
e não me importo com minhas rugas,
acho que um dia pode ser melhor que o outro,
mas isso é apenas mais uma incerteza...
Ando sempre elogiando a rosa,
falo de sua beleza e de seu perfume,
mas acabo esquecendo de seus espinhos,
espinhos que acabam sempre ferindo...
Digo que não tenho mais medo de nada,
que posso andar tranquilamente na rua,
mas eis que o medo nos espreita pelos cantos
enquanto o perigo aumenta cada vez mais...
Acredito nas histórias que contam
e saio feito um bobo repetindo todas,
mas nada há que mostre algum sinal
que tudo um dia terá um jeito...
Quero estar sempre com meus sonhos,
alimentá-los, acalentá-los como filhos,
mas sonhos oferecem mais riscos
do que alguém possa perceber...
Cruzo meus braços, sento comodamente,
acho que muita coisa que falam é verdade,
mas as verdades são dispensadas,
ainda mais na beira de abismos...
Olho minhas feridas com certo prazer,
quero preservar minhas cicatrizes,
esquecendo que as mágoas sabem
muito bem ressuscitar antigas dores...
É que eu costumo mentir às vezes,
às vezes não, costumo mentir sempre...
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