Eu rodopio cada vez mais
e fico tonto
mesmo quando estou
parado e não rodopiei
Na minha cabeça rolam flashes
de coisas que nunca aconteceram
e talvez nunca aconteçam
como pazes e dragões
Espero lindos sóis
para todas as madrugadas
e quanto mais escuras forem
isso mais me agrada
Os portões estão fechados
para que eu possa
finalmente passar atravessá-los
como todos fantasmas vivos
Esqueci cada detalhe importante
e os meus tiros continuam
tão certeiros como antes
errando todo e qualquer alvo
Tudo é tão simples
como os pedidos que fiz
e que nunca foram atendidos
isso não me importa mais
Doe-me a cabeça
talvez um pouco menos que a alma
que se a tenho realmente
deve estar joga nalgum canto
Não sou um cara pessimista
mas ser cego não foi minha escolha
agora já é tarde demais para isso
com cabelos brancos e outros idos
Uma banda marcial toca frevos
em pleno mês de agosto
para saudar a eterna repetição
do sofrimento que não escolhi
Ando tão e tão desconfiado
que nem mais nas minhas mentiras
eu acredito como antes
e acabo dormindo de tédio
Não há desculpas para mim
Cheguei atrasado na liquidação
todas já haviam ido embora
e o vendedor gentil e canalha
não sabe quando chega mais
Os ditados caíram no chão
e quebraram com extrema velocidade
não deu para recuperar nem um deles
e agora José não funciona mais
Tudo se inverteu para se inverter mais
e agora os patos serão cruéis caçadores
da próxima temporada
que está para começar ontem
Saiam todos correndo
e peguem o controle e liguem a TV
olhem atentamente as besteiras
que nos fazem parecer mais sábios
Nada mais tenho à declamar
obviamente a desesperança chama atenção
não existem peças para as máquinas
os dragões engoliram tudo...
(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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