O impossível se enche de cores, o possível anda nu.
Eis porque neste dia quase chuvoso, não estou rindo, mas também não quero chorar. Até a tristeza acaba virando lugar-comum e minha alma repleta disso e falta espaço para tal. Cantemos então, bem baixinho, deixaremos que a tristeza dê um rolé.
O impossível come o que vê, o possível esbanja etiqueta.
Sempre existem alguns passarinhos que cantam, mas não é sempre que queremos uma trilha sonora para os nossos dilemas. Os fevereiros acabam se confundindo com os marços, nem mesmo sabemos onde estávamos com a cabeça nessa hora. Não há nada imprestável neste mundo.
O impossível grita alto, o possível dorme profundo sono.
Sonhar é o que existe de mais complicado e mais enganoso, a oportunidade conspira dias sim, outros também. Pitadas de sal acabam faltando para algumas perfeições. A tentativa é quase a tarefa completa.
O impossível derruba paredes, o possível anda no teto.
Eu quase não olho para o que olho, não respiro pelo excesso de ar, o desejo é quase sempre um grande babaca. Contar vantagens nem sempre é vantajoso, mas pode ser muito engraçado. A seriedade secou minhas raízes e isso foi porque querer, não me engano.
O impossível é completo, o possível ainda está por fazer.
Algumas calçadas são pavimentadas com pedaços de vidro pontiagudos, outras escorregadias demais. Vírus adoeceram com a nova cura e agora seu quadro é irreversível. Montanhas-russas e roletas-russas possuem alguma semelhança.
O impossível tem telefone, o possível faz sinais de fumaça.
As novidades morrem no próximo instante, a causa mortis foi falência múltipla dos órgãos. Nossa desatenção merece nossa mais especial atenção, isso faz parte do nosso currículo. Tudo que há carrega sua etiqueta com seu preço de promoção.
O impossível gosta de presentes, o possível não foi na festa.
Os burgueses rezam seu credo de trás para frente, justo, mais do que justo. Até o vilão faz suas necessidades básicas, copiar ideias é até uma grande ideia. A caretice é a rainha dos disfarces. E a loucura me manda sempre lembranças.
O impossível faz grandes piadas, o possível me enche de culpas.
Parei de reclamar se as dores dançam em mim, só me lembro de detalhes imperceptíveis. Já esqueci o significado de muitas palavras, mas invento novos sentidos mais geniais. Fantasias deveriam ser o última e definitiva moda.
O impossível namora comigo, o possível nem me dá bom-dia.
Comparações desnecessárias são de extrema necessidade. A luz só se acende se estava apagada. O última a sair deixe a porta aberta, não há segurança que salve do inevitável. Eu ainda quero ter uma varinha de condão, mesmo que seja apenas para fazer milagres.
O impossível diz o que pensa, o possível esqueceu do recado.
Vou esperar que nada aconteça, mas me enganando de antemão. As aves andam em bando, as formigas em fileiras, mas abelhas gostam de passeios mais complicados, borboletas então nem se fala. Estou ansioso para ter alguma ansiedade que valha a pena.
O impossível se enche de cores, o possível anda nu...
(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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