Não há mais lágrimas coladas nas faces
Eu era o ontem e hoje sou o agora
Se amanhã serei é bem outra história
Já não há mais vagas entre as vagas
Queria contar uma história e não deixaram
É de extrema necessidade frases longas
E versos bem curtos que falem mais
O rosa perdeu a sua pose e seu fez vermelho
Em alguns dias há sangue e noutros há água
Todos os vaticínios sobre assassínios calaram
O mundo nunca foi um inferno e nunca o será
No inferno pelo menos existem justificações
Gatos e tubas são de primeira necessidade
Cuidadosamente recorto mandalas de papel
E olho com certa inocência para o nada
Não espero de meus detratores sequer lealdade
Os meus cabelos já chegaram aos ombros
E as minhas saudades dobraram a esquina
Não tenho culpa de assobiar para o nada
E nem fotografar sempre os mesmos passarinhos
Nossa juventude deve ter sido transviada
Mas agora o mau comportamento bom é
A madrugada sempre me fez e fará falta
E em todos os meus vícios você aparecerá
Para colocar na cabeça a coroa de Peter Pan
Eu sou desses que pensava que pensava que pensava
Só que acabei de ler que não é nada disso
Não olho mais para a lua com meus olhos
Eu sei a quantidade exata de estrelas que há
A bondade também tem seus dias de mau humor
Não me peça perdão pelos pecados que não fez
A tua saudade me arranca todas as entranhas
E mesmo assim eu acho isso tão bonito
Tirei novamente as cores dos meus desenhos
E por incrível que pareça não achei incrível
Fortes rajadas de ventos vem vindo sem direção
Eu ainda desejo sempre o meu papel de vilão
Sombra dos que sabiam fazer alguma coisa
Ainda tento celebrar com maestria meu carnaval...
(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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