plácidos corações amarrados em bando
ciranda amena de uma juventude perdida
eu não conheci nada em meio à tudo
quase que essa feia cidade me encanta
meu relógio saiu correndo de desespero
e as explicações que eu tinha saíram correndo
os ossos chacoalham silenciosamente
e os nossos próximos jazigos estão prontos
são épicas essas histórias que não temos mais
a demência acabou bebendo a aguardente
enquanto os meus sapatos davam notícias
a estrada acabou tendo um amor por mim
eu estou proibido de respirar dentro do fogo
afinal de contas as dores tem seus direitos
nunca mais falarei com as paredes do quarto
seguramente bons conselhos são tentações
se ver meu coração por aí mande lembranças
os pássaros ainda estão quietos nas nuvens
e mesmo que insistisse não poderia fazê-lo
entre logo no poço cheio de escorpiões
e sinta as carícias que meu leito nunca deu
a mentira acabou tendo lá suas dúvidas
e as minhas torturas fizeram sua lição de casa
a contramão é o único jeito de conseguir
algum consolo para nossos dilemas inúteis
nunca faça versos debaixo das chuvas
o óbvio vem aí com seus argumentos vazios
não tentarei nunca mais o que mais importa
uso as cartas que acabaram caindo da manga
espelhos azuis são exímios bailarinos
e os solos de piano encontram-se quietos na fila
a nudez dela pode ser apenas um disfarce banal
eu quero descansar de todas as minhas artes
e me esquecer se algum dia eu esqueci
só a maldade conhece todos os aposentos
os meus discursos foram os mais hilariantes
só se superando com as piadas dos funerais
daqui um segundo um segundo vai além
as pérolas acabaram indo para outras paragens
e o brilho dos teus olhos é simplesmente um abuso
acabou o milho e acabou de acabar a pipoca...
(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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