terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Resta Um

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Resta um dia
Um dia somente
Resta uma alegria
Pra me deixar contente
Resta um apenas um...

Resta uma mentira

Mentira piedosa
Um espinho que fira
Está junto da rosa
Resta apenas um...

Resta apenas o sonho

Verdade é inverdade
Tudo aquilo que suponho
E deixei lá na cidade
Resta apenas um...

Resta uma cicatriz

Dum corte mais profundo
Eu queria ser feliz
Mas acabou o meu mundo
Resta apenas um...

Resta apenas uma reza

Que não será atendida
É nossa alma que pesa
Pelos caminhos da vida
Resta apenas um...

Resta apenas um lance

Um beijo que está no ar
Resta a última chance
Pra poder ao menos amar
Resta apenas um...

Resta apenas um...

Insaneana Brasileira Número 61 - Putaria Segundo M.G.R.


O Diabo não usa calças. Pelo menos eu sabia isso desde o começo. Muito tempo e drinques esquisitos que passaram pela minha garganta. Era o vento e o tempo mais que debochado. Nossa. De suas duas tranças começaram os labirintos. Maldades que foram bondades. Com vice-versa. Um pote bem grande e bem cheio de feitiços. Pragas noturnas. E pequenos tênis. E uma voz enjoativa e necessária. Quando as rimas se fazem. E muito mais coisas. Coisas que nunca fiz e lamento. E uma febre faz que eu pense de vem em quando. Tudo se acabou. E a porta foi fechada. Trancaram com a chave e a jogaram fora. Nunca mais. Mas mesmo a lembrança inlembrada a ressuscita. Como os cânticos que escutei um dia. Tudo que vive um dia será repetido. Quantas vezes necessário for. É só a mente estar somente. E os tesouros guardados nos bolsos. u não tenho nada. E nada haverá que não corra perigo imediato. São só palavras que ordeno em fileiras. Para que caiam que nem dominó. Vamos que vamos marchando forçadamente em direção ao que pode ser. É tão pouco... Aceito a sua hipocrisia de bom grado. Como a sujeira posta sob o tapete. Nada mais importa do que a água que desce de meus olhos. Tudo se copia. Até velhos épicos retratados em novelas chicanas. Eu sou de todos os signos. Sou o mundo que você não conheceu. Minha bela. E se os passos pudessem ser invertidos entraria em sua boca. Em todos os sentidos. Fossem bons ou maus. Não há julgamento preciso. Passos graciosos apesar. Um grande amor perdido que não tive. Nunca tive. Nunca terei. E num canto qualquer do mundo estás. Embriagada por certo. Com coisas mais comuns e também normais. E olhe que a normalidade me assusta. Me assusta a contagem das moedas. E o paralelo dos dias. E a não-compreensão dos versos mais tolos e livres. Eu quero fazer um brinde aos fantasmas lá do sótão e aos mortos lá do porão. Aos segredos de todos armários fechados à chave. Minha linda passe as mãos entre minhas pernas. Segure meu sexo latejante. Para rir como na piada mais engraçada. Eu não sei nada. Os meus caminhos deram num muro. E eu nem sei o que há do outro lado. Eu não te amei. Mas te desejei. E muito...

domingo, 28 de dezembro de 2014

Meu Tempo

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Meu tempo é sem tempo
E sem tempo ele está...
Não sei de onde venho
E onde vou parar...

Meu tempo é de saudades

Com tantos faróis...
Acenderam todos os fogos
E se abriram os girassóis...

Eu não sabia nem que devia

Olhar meus dedos e contar
Juro que nem ao menos queria
Olhar pra frente e caminhar
Queria estar aqui em frente
Poder cantar e poder brincar
Porque sofrer é estar doente
Sem um remédio pra lhe curar

Meu tempo é sem tempo

E sem tempo ele é mar...
Não contem as ondas
Não se pode contar...

Meu tempo é de histórias

De lugares desaparecidos...
Se moveram os ponteiros
São os tempos já idos...

Meu tempo é de saudades

Lá haviam heróis...
Apagaram as fogueiras
Mas abriram os girassóis...

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Alegre Alegria

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O sonho insaciado o grande sono
O tempo esgotado sem mais um dono
As nuvens de algodão tão esvoaçantes
O sonho do verão não mais que antes

A velha estrada o mais novo caminho
A mesma mancada estou tão sozinho
Vamos comemorar este novo carnaval
Já morreram as flores do meu quintal

A roda-gigante quase que foi pro mar
Foi só num instante eu estava à sonhar
E assim correram tantas e tais estações
E aconteceram tantas e tantas traições

Foram falsos amigos todos rindo de mim
E reais perigos vindo e chegando ao fim
A agonia da partida a agonia da chegada
Daquele que não se teria na velha calçada

O frio gelando a alma e o vento na cara
Tudo se resolve quando o coração pára
O paciente apresenta alguma melhora
Quando vai passando de hora em hora

Alegria alegria eu queria porque queria
Alegria alegria uma porrada por dia...

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Poema das Paredes

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Elas estão lá elas estão lá
Esperando retratos e recordações
Geladas por si e muito sós
Não marcando quais estações
Como o espelho pendurado
Que também faz suas imitações

Elas estão lá elas estão lá

Fabricando a tristeza dos corredores
Como os que em que muito vivi
Não tendo nenhuma de meus amores
Sejam eles vívidos e presentes
Ou bastante afastados e sem cores

Elas estão lá elas estão lá

Sejam elas de pé ou mesmo caídas
Trazendo consigo qualquer morte
Ou ainda trazendo tudo que é vida
Trazendo o sorriso da sorte
Ou trazendo a dor de qualquer lida

Elas estão lá elas estão lá

Olhando com seu olhar enceguecido
Dando seus discursos acalorados
Mas desprovidos de qualquer sentido
Com seu grande enigma de esfinge
Se valeu toda luta se valeu ter vivido

Elas estão lá elas estão lá

Elas foram os castelos que já caíram
Foram testemunhas mais oculares
De todo o prazer da carne que sentiram
Ou ainda de todo aquele desamor
Dos que não vieram mas sempre iram

Elas estão lá elas estão lá...

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Se Eu Morrer


Se eu morrer esqueçam as carpideiras
Contem as histórias engraçadas de sempre
A vida sempre foi uma grande piada...

Se eu morrer usem flores de plástico

Estou dispensando o holocausto colorido
De grandes transmutações dos elementos...

Se eu morrer não fiquem tristes

Já respondi às respostas do grande questionário
Das perguntas que eu mesmo fiz a eu mesmo...

Se eu morrer cantem e berrem e riam

Lembrem que sempre fui assim todos os dias
Mesmo sem ter escolhido o papel de bobo da corte...

Se eu morrer não esquecem de vir se despedir

Pela primeira e única vez eu parto sem adeus
E nem pude olhar para trás para ver a estrada...

Se eu morrer não anunciem ou coloquem no jornal

Fomos apenas números durante a vida toda
E pelo menos agora quero ser dispensado deste papel...

Se eu morrer não escrevam em pedra alguma

As pedras podem ir mais longe do que se pensa
E não devem cumprir algum outro papel que esse...

Se eu morrer abram as champanhes soltem fogos

Tudo é um grande brinde tudo é uma grande festa
Porque é da morte que provem toda a vida...

Se eu morrer me esperem apenas alguns instantes

Os mortos vão e voltam algum dia desses qualquer
É só uma questão de saber esperar...

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Aquela Doida

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Aquela doida me partiu bem no meio
Veio sem ao menos me avisar mas veio
Só queria me coisar sem importar se era feio

Veio de manso esfregando o sexo no meu braço

E ela não via nisso nenhum algum embaraço
E com isso se fez a dona de todo meu espaço

Aquela doida me sacudiu e me abalou

Me fez saber até quem eu nem sei se sou
E chegou fazendo escarcéu com seu rock 'n roll

Veio me trazendo muitos beijos roubados

E dando muitos tiros pra todos os lados
E querendo me roubar porque viciou os dados

Aquela doida vinha sorrindo mostrando os dentes

Me mostrando que haviam mil gostos diferentes
E que na minha mente poderiam ter mil mentes

Veio chorando como se eu fosse apenas o morto

E fosse também o capitão que não chegou no porto
Chorando como se eu tivesse meu olhar mais torto

Aquela doida partiu e nem sei de onde veio

Partiu sem dizer adeus o que era bem feio
Só queria brilhar e brilhar bem aqui no meio

Aquela doida: a poesia...

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Uma Alquimia


O que já foi um dia apenas alegria
Hoje se transforma em tristeza e saudade.
Os rostos tão bonitos do ontem
Agora se enchem de rugas e de mágoas.
A brincadeira inocente e tão boa
Agora é um gesto mecânico sem sentido.
A novidade de ontem tão bem vinda
Agora jaz jogada em um canto qualquer.
Não éramos felizes de forma alguma
Mas um sofrimento maior faz essa ilusão.
A poeira enche todos os cantos da casa
E os nossos pensamentos reagem imediatamente.
O que eu tanto queria não quero mais
Porque foi a vontade que encantou todas as coisas.
Não esperemos que as coisas voltem
Tudo que anda só conhece passos para frente.
Os velhos possuem seu falso arrependimento
Porque tudo que foi feito está feito e pronto.
Os novos só riem da desgraça alheia
Mas não sabem que esta será a sua também.
A embriaguez tão boa da noite passada
Deu à luz um filho feio chamado desilusão.
A água já passou por debaixo da ponte
Mas todas águas se parecem e nunca são iguais.
Cada erro foi apenas um acerto cometido
Que apenas foi visto por um outro lado.
Não me lancem malditas maldições e pragas
Porque rio todos os momentos do que vem aí.
Esperemos tranquilos quaisquer tragédias vindouras
A esperança se esconde serena sob todas as pedras.
O jardineiro já sabe o tempo certo de todas as flores
E as guardou todas as que conseguiu para mim...

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Eu Tenho Uns Rios Aqui Nos Bolsos


Eu tenho uns rios aqui nos bolsos
Nem sei onde vou parar
Só sei que são como todos os rios
Um dia vão parar no mar...

Eu tenho a saudade nos meus olhos

Mesmo não sabendo olhar
Olhando bem longe no horizonte
E é lá que eu queria estar...

Eu tenho ainda uma vã esperança

Sem ter mais o que esperar
E eu fico brincando com coisas
Com a fumaça que está no ar...

Eu tenho uma revolução à fazer

Há o que muito se revoltar
Sem medos que façam desistir
E correntes pra amarrar...

Eu tenho aqui umas saudades

Que podem até me matar
Mas eu continuo tranquilo
Até de papo pro ar....

Eu tenho uns rios aqui nos bolsos

Nem sei onde vou parar
Mas é esse o destino de todos os rios
Um dia acabar no mar...

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

O Último Primeiro ou Era Um Dia Mais Que Um Dia


Era um dia mais que um dia
Em que se previa uma boa noitada
E uma tristeza recortada de alegria
Para o bem de toda garotada

E as nuvens andavam pelo chão

Fumando solenes seus cigarros
E eu perdia toda a minha razão
E ia correndo atrás dos carros

Era um dia mais que um dia

Com meu relógio agora enguiçado
Medindo tudo o que não media
O meio-dia ainda está todo errado

Não sabemos o que comemos ontem

Nem sei se comeremos amanhã
Um dia vamos atravessar aquela ponte
Que vai dar numa procura sã e vã

Era um dia mais que um dia

Como meu guarda-chuva com furos
E que passava a água que escorria
Sem poder ver meus dias futuros

Estreitos leitos estão agrupados

Na terra que os recebe mais faminta
São quadros agora já desbotados
Porque já se descoloriu a tinta

Era um dia mais que um dia

Em que se previa uma boa noitada
E uma tristeza adornada de alegria
Queremos isso e mais nada...

domingo, 14 de dezembro de 2014

Insaneana Brasileira Número 60 - Solmente



Em estados inconscientes vamos andando pra frente. Desde que o pra frente seja pra trás. Comemorações anuais em compromisso. E o que mais possível for. Era nosso calendário em letras marcadas. Tudo urge. Tudo surge. Como monstros na areia do escaldante deserto. Hoje é dia do gás. E daqui quinze dias também. A vida passa rápida e lentamente. As tristezas chegam afobadas e as alegrias com cara de preguiça. Eu nem sei bem onde guardei as chaves. Mas as portas estão fechadas. E os corredores desertos. Não há pichações pelas paredes agora caídas. E o pátio cheio de ervas daninhas e debochadas. Foram tantos anos e tantos planos minguados. Sóis noturnos. Sóis estrelados. Desenhos no papel. E decalques na geladeira da sala. Todo filme alegra e entristece juntamente. Braços dados. Rostos sumidos. Eu era um triste. Agora não sou mais. Sou dois. Porque a tristeza veio velha. E com vários compromissos adiados. E com várias compromissos aliados. Vamos dançar nossos xaxados. Vamos pular através da fogueira.  É assim. Não de outra maneira. Versos cambiando la plata. Suspiros de velhos romances. Folhetim à beça. Como nunca tivemos antes. A mente embaçada como chuva no vidro. E o vidro empoeirado dando uma laminha estranha. É nossa hora. Acabou a madeira. E eu faço quantas palavras que quiser. É o único ofício que o vagabundo aqui gosta. Fora olhar as coisas que acontecem no mundo. E as humanas idiotices seguindo o igual script. Tudo bom e nada presta. Como frases saídas de um almanaque igual aquele que eu perdi. Sem sombra de dúvida duvidamos. E os circos mambembes nos dão belas lições. É a vida sendo o que é. É hora do ora pro nobis. Bem cortado e bem lavado e bem feitinho. Politicamente correto e bem careta. Como salamaleques de novelas antigas. Eu quero explodir em gomos. E em azedas aflições de bem querença. E nunca mais fui pra escola. Mas sem marginalizar todo o amor que sinto. É um simples ataque de abelhas e/ou marimbondos. Faço o que eu quero sem me arrepender deste exato momento. São ações bobas em que me rio muito. Conspirações inocentes de roubar os doces ou tocar o piano. Cada um com sua parte. À mim coube o lado esquerdo da história. E os mais sentimentalismos que se puder ter...

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Insaneana Brasileira Número 59 - Vai Passar

Vai passar todo tempo ruim. Um dia há de passar. Esquerdas e direitas num mesmo jogo. Tudo é um campeonato. De bolas de gude. De futebol. E de até nomes feios. Porque é sempre noite. Mesmo havendo bravios sóis. Tudo contribui para o sofrimento. E o erro é nosso companheiro mais constante. Quando teremos paz? Nunca. Enquanto houverem sonhos errados e constante teimosia dos que nos ferem. Eu tinha muitas gudes e eles me batiam. Eu não aprendi jogar por culpa deles. Era um tempo de areia que o vento levou bem pra longe. Não quero nem mais pensar nisso porque me dá náuseas. As náuseas da alma são as piores que temos. A cachaça em excesso não é nada comparado com isso. Não há culpados. Este é o maior dos problemas que enfrentamos. Abaixe sua cabeça. Admita seu erro. Nem mil padre-nossos e nem mil ave-marias pagarão seu preço justo. Vai passar? Nada passa. Talvez passe o cordão do Chico e eu não tenho nada a ver com isso. Eu sou mais um. Sou acompanhante da tristeza que veio. E cicerone da agonia que cisma em não ir embora. Quem me dera... Beijar aqueles lábios que eu tanto queria. E qualquer um outro filho-da-puta beijou... Não há mais chances para perdão algum. Foi sem querer? Meu repertório variado de palavrões está aí mesmo... Não tenham pena. A pena é uma facada disfarçada e escondida na manga da camisa de mangas compridas. Covardia. O tempo já passou. Não diga meu nome em voz alta. Aqueles que vieram certamente não têm culpa. Mas eu não quero saber de porra nenhuma. Balas de alcaçuz e dropes de anis para os nossos convidados. Eu nunca fui bem comportado e agora muito menos. Nem quem sou na verdade. Só sei que tento escrever alguma coisa para que ninguém leia. A gramática não é meu forte. Mas soluçar diversas vezes seguidas. Isso sim. E me matar aos poucos com um cigarro atrás do outro. É que existem diversas fumaças. E grandes estradas sem rumo algum. Eu escolho certos lances. E as rosas que colho em qualquer jardim desse mundo que aí está. Este mundo em que serafins e demônios brincam de roda. Tudo passa. Menos os velhos feitiços que as bruxas fizeram um dia. E as marcas nos meus joelhos de quando caí. Eu não caí em São Sebastião. Nem você se matou. Tudo depende de piedosas mentiras. Não gostamos e até gostamos. Tudo bem se nos cortamos em afiadas lâminas. É apenas poesia. Pura poesia como veneno mortal em nossas veias. Vai passar sem plágio nenhum. Cada invencionice é um drama novo...

Mil Sóis

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Eu quero os pássaros sem canto
Louca tradição de loucas esquinas
Por aí sem nenhum acalanto
Apenas as mais injetadas adrenalinas

Na verdade as coisas se invertem

E o herói é quem fez o errado
E agora os fantasmas se divertem
Caiu a moeda no terceiro lado

Há no céu bem mais de mil sóis

Nós temos vários dias pra contar
Estamos desorientados sem faróis
Perdidos nesse nosso alto-mar

Eu quero o resultado desse jogo

Onde todas as cartas estão marcadas
Apagou a fogueira acabou o fogo
Todas as portas já estão fechadas

Na verdade as coisas já perecem

Sem ao menos dar qualquer sinal
Só nossas tristezas que permanecem
Enquanto encaramos este vendaval

Há no céu bem mais de mil sóis

Que nos iluminam mas ao invés
Estão fechados os nossos girassóis 
Mas estão abertos nossos cabarés!!!

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Formigueiros

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Somos caros cidadães indistintos
Amarelos azuis brancos retintos
Vivemos de ilusões nunca vistas
De novas idéias em velhas revistas
De fomes um tanto atormentadoras
São os doutores e são as doutoras
Vamos vivendo de janeiro à janeiro
Dentro deste nosso mesmo formigueiro!

Somos a base de uma moral sem moral

Onde as guerras acabam em carnaval
Onde há nos sinais mãos estendidas
Onde tudo vale menos as nossas vidas
Viver é o mais prático dos sacrifícios
Nossas virtudes são nossos vícios
Vendidos enfim por trinta dinheiros
Dentro deste nosso mesmo formigueiro!

Somos os espectadores estranhos no ninho

Onde estar na multidão é estar sozinho
Onde cada brincadeira pode ser perigosa
E o Diabo já fez sua opção pela cor de rosa
E cada um pode esquecer qual é a sua
Há um perigo novo esperando em cada rua
Vamos morrendo de janeiro em janeiro
Dentro deste nosso mesmo formigueiro!!!

domingo, 7 de dezembro de 2014

Todo Cuidado

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Todo cuidado é pouco!
Todo cuidado é louco!
Cuidado com a mancha de batom
Lá no colarinho!
Nem sempre é muito bom
Ficar sozinho!
Cuidado com a sua vida
Que vai passando sem ver!
Com essa sua ferida
Que não pára de doer!

Todo cuidado é pouco!

Todo cuidado é louco!
Cuidado ao ser marcado
Pelas redes sociais!
Ser mais um teleguiado
Nas manchetes dos jornais!
Cuidado com o que come
Que você vai passar mal!
Com sua vida que some
E você acha normal!

Todo cuidado é pouco!

Todo cuidado é louco!
Cuidado com quem confia
Fala as suas confidências!
O triste é que cada dia
Tem as suas violências!
Cuidado com o que fala
Tem alguém sempre gravando!
O coração é um trem-bala
Que o freio vai falhando!

Todo cuidado é pouco!

Todo cuidado é louco!
Cuidado se o cão é manso
Pois ele pode te morder!
E o verdadeiro descanso
Só se tem quando morrer!
Cuidado com a cara do crime
Ele já vem todo maquiado!
Nem sempre um grito exprime
O que é certo ou é errado!

Todo cuidado é pouco!

Todo cuidado é louco!!!

Vida Em Caps Lock


Eu quero uma vida em caps lock
Que já é grande mais aumentada
Em que posso gritar quando quero
Sem minha boca ficar calada
Que eu seja enfim livre
Que eu possa olhar pro lado
Eu quero uma vida em caps lock
Sem me importar ser educado
Quero falar tudo que penso
Quero não ser mais comedido
E não me importa nesse faroeste
Só me chamaram pra ser bandido
Eu quero uma vida em caps lock
Eu sou palhaço quero atenção
Uma vida sem ter mais regras
O meu destino na minha mão
Quero uma vida de piruetas
O que vale é a tecla que eu apertar
Quero poder fechar meus olhos
O que me importa é te beijar
Eu quero uma vida em caps lock
Sim eu sempre grito tanto
Pra expressar tudo que sinto
E não somente o meu espanto
Eu já me importei com tanta coisa
Que hoje não me importa mais
Só quero saber de barcos e velas
E contar cada onda que chega no cais
Eu quero uma vida em caps lock
Seja qual for o seu justo preço
Quero fazer das minhas traquinagens
Morar no mundo sem endereço
EU QUERO UMA VIDA EM CAPS LOCKS!!!!

Tenho Inveja do Vento

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Eu tenho inveja do vento...
Que vai na minha cara todo momento
Que vai atrás das folhas caídas
Que sabe de muitas e muitas vidas
Que conhece todos os lugares
Que anda por céus e por mares...

Eu tenho inveja do vento...

Que vive solto é o próprio elemento
Que desconhece o que é massa e peso
Que nunca teve grilhões nunca preso
Que faz as fogueiras subirem crescerem
Que faz até alguns sonhos morrerem...

Eu tenho inveja do vento...

Que vive acordado e sempre atento
Ao que é tristeza e o que é alegria
Que namora a noite se casou com o dia
Que testemunhou cada primeiro beijo
Que se enche à todo instante de desejo...

Eu tenho inveja do vento...

Em cada instante e em cada momento
Pois já não sei mais de onde venho
Eu tenho inveja do vento como tenho...

Teimosamente Quase Haicais


Eu já perdi tantas coisas! Até a flor lilás...
Mas aí chega a vida e me diz:
Fique calmo! Mais na frente tem mais!

Apenas um menino é isso que eu sou

É que todos os meninos choram
Me diga aí quem nunca é que nunca amou?

São girafas azuis e rosados elefantes

Que iam naquele carrossel
Que desapareceu em um instante

De tanto me dizerem apenas o não

Reuni vários pedaços
E fiz pra mim das palavras uma canção

É quente! É frio! É certo ou é errado!

São apenas vãs proposições
A verdade é a chuva que cai em cima do telhado!

A poeira espera que nasça o dia pra bailar

Dança em cima das coisas
Até que chegue a sua hora de descansar

São inconstantes todas as indeterminações

Todas aquelas que saem
Da boca de nossos senhores os barões

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Ainda Chove...

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Ainda chove... Como é seco meu coração!
Seco numa tola e vã expectativa
De que minha própria vida assim viva
Com um pouco mais de emoção...

É os que os prédios já cobrem a luz

E o mar perdeu aquele seu vaivém...
E minha amada agora não me seduz
E minha oração não me faz mais bem...

Ainda chove... Como meu coração secou!

E se enchem de lágrimas todas as calçadas
E o meu próprio peito talvez se molhou

São meus sonhos que são meus nadas

É o que mais caro tinha e agora acabou...
Ainda chove... São estas lágrimas paradas...

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Insaneana Brasileira Número 58 - Vila K. K.

Não ter nada e nada ter. À não ser o que viver. E viver da pior forma possível. Viver como se as nuvens fossem pedras. E cada suspiro uma morte esperada ou anunciada. Não use o telefone. Seja usuário. Não use a razão. A razão pode ser perigosa. E a verdade um demônio que nos persegue todo instante. Pensar pode ser uma mania luxuosa. E seu preço é muito alto. São urubus e gaviões que sobrevoam nossas cabeças. Pombas da paz e andorinhas estão em falta no mercado. Todo dia é dia de uma festa medonha. E a estética manca e é feita às avessas. O luxo é o lixo. E Dom João tinha razão. Em plena avenida mostramos nossas bundas. E com elas nossas cicatrizes mais escondidas. É o tema. E é o lema. E um dilema que nos atrai. Assim nascemos. Como quem cai de pára-quedas sem que este abra. Sem vírgulas e sem números. E as coisas mais fáceis são as mais difíceis em cada maldito momento. Não ter nada e nada ver. À não ser o que comer. Sem sombra de dúvida. E enlouquecer por mais de um motivo. Copos vazios em cima do balcão sujo. Onde moscas bailam desesperadamente. E se suicidam nos restos da cachaça. E enlouquecer por mais de um motivo. E rir à toa com olhos vermelhos de pura aflição. Que hajam carpideiras para todos os falidos neurônios. E um gosto doce de sei lá o que. Todas as opções são na verdade uma só. E enlouquecer por mais de um motivo. E as narinas arderem como numa referência nefasta. Tudo conspira para o fim inesperado. Por melhor que este seja. Ou não. Eu quero o mundo. Mas o mundo não me quer. Eis a grande frase dita em sujos muros. Não ter nada e nada ser. À não ser mais um contando na estatística muitas vezes manipulada de jornais baratos. Bons de se embrulharem as sardinhas que caem bem com cerveja bem barata. A barata se encolhe num canto e ganha mais um dia. A nossa se fecha e ganha mais uma hora. Os nossos olhos viram e não viram. Os nossos ouvidos estavam de folga na hora em que os estampidos aconteceram. Não sabemos fazer frases bonitas como artistas famosos. Mas a nossa realidade é mais jiló. Nem sabemos como em verdade somos mas somos em verdade. O que veio e o que sobrou. O que veio e acabou ficando por aqui. Obrigado Senhor por toda a miséria e lascívia imoral que possuímos. Obrigado Senhor por pecarmos sem ao menos sabermos regras sociais. Obrigado Senhor por sermos um arremedo feio de Sua imagem. São bonitos os coleiros que fugiram da gaiola que caiu. E se aproxima o fim de mais um ano inútil e bom. Eu engulo as esperanças como quem espera o pior. Mas nem sempre ele é o que é. A placa ainda está lá. Pelo menos eu acho. Eternidades são tão fáceis de fazer... Os nomes são mais fortes que as espadas. E aparecem mais do que as bandeiras em serenas batalhas. É sangue no chão. E visíveis arrependimentos sem choro. Nem sempre a cor preta é luto. É a nossa moda de não escolher e sim de usar. Cada feio tem o seu modo bonito de ser. Os cabelos embranquecem. E viramos zumbis em doces comemorações. Não valemos nada e por isso que valemos alguma coisa. Alguma coisa e coisa alguma...

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Em Meus Ouvidos

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Em meus ouvidos sussurravam segredos
Com vozes espectrais e caladas...
Não era apenas o vento do meio da noite
Nem do frio das madrugadas...

Falavam de um futuro sombrio
Em que haviam muitos e muitos medos...
E debochavam sempre de mim
E daqueles meus bobos segredos...

E eu andava como um tolo
E o molhado dos chãos faziam tropeçar...
E só havia a rua e só haviam os postes
Pra poderem me acompanhar...

Eu sou aquele que te ama
Em todos os tempos de eternidade...
Eu sou aquele que ainda grita
Atormentado pela tua saudade...

Não sei onde vou ao certo
E se um dia eu pararei...
Eu sei que em meus ouvidos sussurram
Que da noite ainda sou o rei...

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Um Barco

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Um barco - navega sem ter direção
Várias vidas - respiram sem ter explicação
Um dilema - tudo é sim e tudo é não
Vamos indo - onde vai parar o coração

Um barco - é a rota de uma tristeza

Não sei - o que será essa minha incerteza
Querer e querer - essa é a nossa natureza
Eu vejo várias coisas - mas me falta beleza

Um barco - as tempestades estão vindo

Riscos na parede - as saudades estão bulindo
Pássaros voando - meus sonhos vão partindo
Eu guardo sem mágoa - era teu rosto lindo

Um barco - ainda há qualquer esperança

A tempestade - depois dela talvez bonança
Não me conheço - não sou mais criança
E pelo mar vamos indo - o barco tudo alcança...

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Le Jaque, Le Man

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A rede pelo menos uma vez dispensa
Ramalhetes floridos que achei em Portugal
E ainda minha mente assim recompensa
E ainda pensa e ainda também passa mal

Passa mal em ventantes vindos de além
Quem sabe de mares nunca dantes navegados
Eu faço o mal e às vezes também faço o bem
E agora também danço aqueles meus xaxados

Não fiz não fiz coisas que agora me acusam
Não fui eu que destruí todos os canteiros
Foram os matarangos que sempre abusam
Quando não chegam nas provas em primeiros

Um balé é instrumentado por muitos trovões
Violinos e violões em cigano acampamento
São pirilampos mineiros em escuras prisões
E a digital prendendo logo cada um momento

Eu sou dos homens o que tão mais moderno
Escalo em letras sem precisar de uma escada
Juntei paus de lenha e mesmo fiz meu inferno
É porque essa vida não me deu mais nada

Em estrofes mais coloridas sem ter mais cor
As minhas amadas já escorrem entre os dedos
Foram as fadas que me presentearam com a dor
E em profundos labirintos vagueavam os medos

Flautas de Pã sopram agora no campo sozinhas
Engulo todo cálice que me deram de uma só vez
E se na minha cara não cresceram as espinhas
Deve ser porque ainda não chegou o fim do mês

Não não a peça ainda não chegou na metade
Aliás vai desfilando num carnaval cheio de lira
Em todas as tramas e dramas eu não fui covarde
Este é o segredo de quem à tal nos ainda prefira

Vamos estudar um por um cada um detalhe
Histórias falsas e detalhes que possam à parte
O pó voa sem ter ninguém que assim o espalhe
O homem agora vai morar de uma vez em Marte!

sábado, 22 de novembro de 2014

Insaneana Número 57 - O Baile Sem Perfume

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Dimdim e Tiquim. Se apreparem para o festa. Os correios ainda não entraram em greve e as mensagens não pararam de chegar. Dois passos quando muito e as oliveiras balançam ao vento. Não que queiramos balançar lenços como ondas. Faz parte do sacrifício. Do dentifrício. E do malefício apois? Só não tomem muitcha cerveja. Que o que agrada acaba desagradando. Já passou a roupa dos moços Ziquinha? Nunca se sabe quando o tesão chega mesmo quando não se procura e não se tem noção de que bestaria houverá. Deixe que a normalidade delire e se jogue pralápracá em cima da cama de doente. São febres. Maleitas muitas. Terçã. Quartã. Quintã. Sextã. Longe é o meu nome. E o de todos nós. Cada bola de sinuca na caçapa. E as gudes no chão de poeira vermelha. Lá fora estão os cães. Raivosos como sempre. E sem ladrar quase que nunca em seu ataque. É a força do hábito os balões escaparem das mãos. E nunca explodirem aos nossos olhos. Quando se vê já aconteceu e nada resta à fazer. Fazer faz parte minha linda. Um conto de fadas malarranjado que pode dar em tudo e em nada. É erro de digitação. Errar é humano e perdoar é raro. Como raras são as noites não insones de pura belezura. Rara cara. Cara rara. Onde estão as prendas que ganhei antonte? O brinquedo fácil quebra à toa. E as novas serão contadas em boca grande sempre. Aí vem o homem-aranha. Ai vem o Zé Maria. E novas serpentes que estavam em seu ninho. Eu nunca gostei de drops de hortelã. A unanimidade não cheira bem. As estrelas um dia podem cair lá de cima. As humanas caem sempre. Tudo como deveria ser. E um pouco mais até. Vamos ao caminho. Como nunca foi. Como nunca vi. Músicas espectrais em acordes tristes. Tudo o que eu sinto de uma vez só. Um sacão de emoções de uma só lombada. Quem é você? Não dá pra responder certas perguntas por causo da obviedade demais. Dois vidros de remédio são o bastante...

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Os Três Ares

Leve era o ar que em alegres réquiens se espalhavam. Tudo tinha um tom azul feito as louças que vi numa loja de Lisboa. E meus olhos se alegravam então. 
Médio era o ar que afagava teus cabelos todo tempo. E meus pés andavam em tua direção sem cansarem. Mas o destino se recusou à promover tal encontro.
Pesado era o ar que de meus sonhos emanavam. Tal qual o perfume enjoativo de tempos vividos e idos. E de memórias aflitas que não consigo mais me lembrar.
Leve era a água que corria fria em calçadas esquecidas e ruas sem passantes nem de dia. Eu era um tolo rindo de piadas sem acaso como quem é expectador de um teatro solitário. Nada mais para salvar o paciente.
Médio era o vento que soprava as folhas caídas de mortas árvores de meu quintal. E os três coqueiros apontavam para um céu sem cor. Cantemos uma canção nunca dantes cantada.
Pesado eram os dias de trevas que vivi em mim. O gosto da sede bandida que nunca passava. E as letras que se embaralhavam num esforço inaudito do que é viver.
Leve era o recreio escondido pelos cantos. As brincadeiras cruelmente inocentes e em moda. E era o amor negado para todos aqueles que amam.
Médio era os cores dos teus vestidos. As batalhas nunca travadas pois não existiam guerras. E a dúvida expressa num espelho que nada reflete.
Pesado era a mente em desesperada lógica e em desesperadas contas que nunca dão certo. E o vaivém do mar quando devemos pular para a nau. Eu sou o projétil que errou o alvo e ainda assim mesmo comemora com vários estampidos.
Leve e médio e pesado eram três ares que enchiam meus pulmões...

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Insaneana Número 56 - Explicações Reversas

Nunca inventei nada. As invenções são apenas chegados viajantes de todos os tamanhos. Mesmo que sejam só palavras. Ou ainda menas. Sónadas numa boca seca de quase amanhã. Há sequelas que todas as coisas. Boas ou más. Em grilhões forjados pelo próprio condenado. Há loucura nos jovens. E há também loucura nos velhos. Beira de abismo. E salto livre. Não é porque eu quis. Aconteceu e acabou. Não há nada mais triste que o voo de algumas aves em bando. Na direção de um sol inatingível. Prometo nunca mais chorar sem piadas. Ziquinha já chorou de verdade? Porque fingimos pra nós mesmos pelo leite derramado. Que leite? Tudo é água em direção ao rio na sua cumplicidez com o mar. Haviam velhos jogando alguma coisa nas praças. E ninguém nota se uma história bonita acabou. Porque todas as histórias são bonitas. Cada uma ao seu modo... Umas mais rápidas. Outras que nem pingo de soro. Ping ping ping... Agonia dupla. Dos olhos e de dor mesmo em si. Haviam muitas borboletas antanho. E outros inseticos sem nome. E aquelas florinhas roxas que parecem passarinhos. Depende da forma que se forceia as vista. Dias de brisa. Lugar-comum. E decalques presos na geladeira da sala. Junto com o caixotão de madeira que esquentava aos poucos e que mostrava ilusórios de preto e branco. Todo dia é dia e toda hora é hora. De saber que esse mundo não é seu. Nem pense. Nem tente. Só uns rastros no caminho ficam. E olhe lá. Nada à mais. Nada além. E minha mágoa fica ali no cantinho fazendo bico. Doida pra pular em cima do primeiro candengo que ficar de brincadice. Tem vários termos e nenhuma hora. Várias louquices pelo ar cansado. Eu nem me canso. Já parei. Em versos mouros que combatem com as espadas do ontem. Nem lembro e isso é muito bom. É choresmo reduzido. Tal e qual bula de remédio. Serve pra ficar na caixa. Morrer no berço e tchau. Tchau madama. Tchau cavalheiro. Se foi a água na sarjeta. A direção do vento guiou o caminho. Nem com poste eu falo mais. São mui faladores. E vá que a minha língua fique cansada. Como o resto do corpo com suas peças envelhadas. A saia da leba tem as sete cores do arco-íris e eu ainda não conheço ninguém...

domingo, 16 de novembro de 2014

Todos Índios

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Somos índios! Somos índios!
De diferentes graus de diferentes estaturas
Num mundo louco que sobe lá nas alturas
Num mundo louco de loucas mudanças
Onde não há futuro e nem há esperanças
Onde explodem guerras e não existe paz
Onde ambição e cobiça nunca são demais
O que é ser humano? Apenas mais um bicho
Que vive se afundando no seu próprio lixo
Que vive se afastando de sua real natureza
Que trocou tudo pela mais incerta certeza

Somos índios! Somos índios!

De diferentes degraus de diferentes estruturas
Num mundo louco feito só de muitas amarguras
Num mundo louco de loucas desandanças
Onde só há tempestades e nunca bonanças
Onde explodem bombas e explode até mais
Onde as ordens chegam e elas são gerais
O que é o ser humano? Apenas um fantoche
Que vive chorando do seu próprio deboche
Que vive caminhando com sua surreal certeza
Que fechou os olhos para sua real natureza

Somos índios! Somos índios!

Vamos dançar em volta das fogueiras!!!!

sábado, 15 de novembro de 2014

Sábados, Domingos e Segundas


Eu não sei quem sou
Mas todos os dias são iguais
Pois meu sonho acabou
Mas na frente existem mais

Existem sonhos diariamente
Existem muitos carnavais
Que atormentam minha mente
Com suas chamadas gerais

Eu não sei quem sou

Nem eu sei de onde eu vim
Só sei que o dia já terminou
Fecharam as rosas do jardim

Isto é o que chamam de vida
E toda vida tem o seu fim
E mesmo assim há a ferida
Que se abriu dentro de mim

Eu não sei quem sou

Conheço as dores mais profundas
Como um poço que se cavou
Em areias do fundo oriundas

E mesmo assim vou me rindo
Das minhas ilusões tão infecundas
E só sei que se vão sempre repetindo
Sábados e domingos e segundas...

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Canção de Um Só Na Madrugada Segundo Dores de Uma Solidão Malfeita


É madrugada,
Meu coração madruga,
São dores pela calçada,
Quase uma fuga
E não há mais nada
Somente a ruga
E uma feia amada
Que se me aluga...

É madrugada,

Meu coração palpita,
É a cor mais embaçada,
Mas que é bonita,
É a vida mais desgraçada,
Muito mais aflita,
Que corre tão desesperada,
E que também hesita...

É madrugada,

Meu coração é escuro,
Não posso correr da malvada,
Num breve futuro,
Não sei qual a vida inusitada,
Que há atrás do muro,
Ou ainda no fim da estrada,
Sei ainda vou puro...

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Insaneana Brasileira Número 55 - Humano Açougue

Essa confusão toda. Os camelôs gritam desesperados em alto volume. O ministro é sinistro. E alguns levantam suas bíblias apontando pro céu. Divinas ilusões. Divine Brown. James Brown. E outros produtos comestíveis trancados em memórias esvoaçantes com menos possibilidades de acordar. Nunca chega a hora de saber coisa alguma. E é a mentira da mentira da mentira. Pergaminhos em uma língua desconhecida e totalmente esquecida. Saladas culturais. Eu danço maxixe pelas calçadas de New York. Não importa se agora neva. Eu me confundo com letras e números. E tenho a capacidade de um cameleão. Vamos macacada! Os velhos discos tocam numa vitrola daquelas bem antigas. A dança é a mesma que nossos avós dançaram. Só se trocou a inocência. Falta essa no mercado. Como brinquedos antigos que nunca mais vi. As ordens estão lá. Para serem obedecidas. Mesmo que o preço seja a nossa dignidade. Não queremos. Mas queremos. Não pedimos. Mas aceitamos. Nada disso estava incluído em nossas orações. Nossas novenas eram bem diferentes. Mas tudo foi como um passe de mágica. Presto! Você está aqui e você não está aqui. Abracadabra! Você prestava e agora não presta. Vice versa é a palavra de ordem. Falamos em inglês mesmo dormindo. As cartas do truque estão marcados. E os dados estão benzidos. As marés determinam qual o lado que escolhemos. Essa é a mais democrática das escravidões. Sorrimos sempre. A piada foi boa. Mesmo quando não queremos rir. Sons de viola caipira tocam a polca que enche os salões. E ser apenas um fantoche é a mais nova de todas as drogas. Essa confusão toda. Bem organizada. Limpa e cheirosa apesar dos cheiros ruins das ruas. Mijo. Merda. Comida estragada. E rostos montados pro grande teatro sem platéia. Só existem atores. Tanto em cima quanto em baixo. Não há descanso. Só existem pesadelos mesmo quando nossa cabeça jaz confortavelmente em nossos travesseiros. Todo protesto teve seu ataque de riso. E um rosto moreno com franja escondendo parte da testa. Sem pudor. Sem pendor. Sem nada...

terça-feira, 11 de novembro de 2014

O Amor Dói


O amor destrói corrói e dói
Principalmente dói
Dói como dói a tristeza
Como dói a morte que é certeza
Como dói também a solidão
Que é estar sempre na escuridão

O amor destrói corrói e dói

Principalmente dói
Dói e nos passa a perna
Como dói a traição é eterna
Como dói também a loucura
Que se sentir estar sob tortura

O amor destrói corrói e dói

Principalmente dói
Dói e não nem tem alguma pena
Como dói ficar nesta arena
Como dói ser comido pelas feras
Essas nossas intermináveis esperas

O amor destrói corrói e dói

Principalmente dói
Mas assim o queremos...

sábado, 8 de novembro de 2014

Perfumes do Jardim


Não é questão de ser moral ou imoral
Ser um demônio ou viver no céu
Se na verdade é tudo muito igual
E o meu silêncio é apenas escarcéu

Mesmo com qualquer dor eu danço

Mesmo sem tesão eu também quero
Mesmo parando eu vou e alcanço
Mesmo sem paciência eu espero

Não é dilema de ser bom ou ser mal

Viver acertando ou então viver errando
É apenas esperar esse meu carnaval
E meu carnaval vem de vez em quando

Mesmo com qualquer fim eu começo

Mesmo batendo asas eu também desço
Mesmo o bem e o mal que eu professo
Mesmo sempre trocando o endereço

Não é problema de ser tal ou ser qual

Ser educado ou ainda ser sem maneiras
Estou olhando e vejo chegar o temporal
Os sábios homens e suas grandes besteiras

Mesmo com qualquer grito silencioso

Mesmo sem ter paz comigo mesmo
Mesmo com o parto mais que doloroso
Mesmo com tiros que se fazem à esmo

Não é questão de ser normal ou anormal

Ser um demônio ou viver no céu
Se na verdade é tudo muito igual
E o meu silêncio é apenas o meu papel!!!

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Insaneana Brasileira Número 54 - Terones

Matarangos boleiros em bando sobrevoam as covas dos apaixonados. Em bandos de mil em mil. Fazem sombreados bons de se ver. É ali o entremeio de toda verdade. Dindim e Tiquim vão jogar bola! Ficar parado nada resolve... Ficar triste é só uma condição escolhida. Menos se o sorvete caiu não chão... Menos se a roda quebrou... E os amores foram de ladeira abaixo na chuva malvada... Está enterrado o tesouro e ali está o mapa! É simples vencer tantas batalhas! Bastar rir diante da tempestade do mar à noite sozinho agarrado na tábua. Eu nem sei quantas vezes senti saudade. Mas deve ter sido pelo menos uma vez por dia. Capriche aí no rebolado sua maleita. Entremenos fiquei sabendo de coisas e cosas que só o el tiempo nos ensina. É o poder escondido nas balinhas de anis e nos envelopes de figurinhas premiadas. Atraso sem goma eu quantas vezes suspirei num canto qualquer rezando pra que ninguém visse. Há olhos em muitas e muitas partes. E a decisão se tira num pulejo só. Pablos é que sabem e eu não me meto nesse questionado nem que me paguem um milhão! Mais vale a fé que o pau da barca. Mais vale o tinado do campo que a menina de olhos enganodos. Que eu me enrole no que falar do que no que pensar! Na dança da chuva sou novato. Mas não em sinais de fumaça. Fui índio em muitas vidas! In nessa tamém. É uma grande tribo. Um querendo papar o outro. Que nem a botija da cegonha convidando a raposa pra tomar caldo. É. Uma pelada levada à vera. O problema é que vai na chuteira. Aí lasca tudo. Pula com tudo pra cima. Fratura exposta. Fulejo dos bons. Melhor que agulhas novinhas e linha macia da marca que a gente gosta. E mais ainda que carinho de gato no colo. Somos humanos. E aí nasce o perigo do toque do dedinho. Tá contigo. Num tá. Sai correndo e rindo como se a experiência do maluco tivesse dado certo. E como deu! Havia razão naquela matungada só. Salve lá meu malungo de beira. Meu abure de jura. Guerreiro de dois. Palmas pra quem te quero! Cada instante que foge foi documentado. E cada suspiro sufocado valia o mais doce de todos. Demorou foi tempo pra essa arve crescer o bastante pra ter passarinhada de tardim. E olha que quase que caio do cavalo!...

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Poesia


Poesia...
 escorrendo entre meus dedos
 como meus sonhos perdidos
 motivo para todos os enredos
 meus abismos mais divertidos!

Poesia...

brincando em meu rosto
com minhas lágrimas salgadas
eu vim em pleno agosto
em meio às águas geladas!

Poesia...

era em meio àquele labirinto
que era também minha casa
aquilo que vejo e que sinto
não há mais chama e nem brasa!

Poesia...

meus versos eram meus amigos
eram amigos que sempre ficaram
e em meio à tantos e tantos perigos
foram os soldados que me restaram!

Poesia...

eu sigo e sigo por todos os países
ando por terras que nunca andei
e tenho desejos de todas as matizes
como outros que nunca mais terei!

Poesia poesia poesia...

eu morro em cada um instante...

Insaneana Brasileira Número 53 - A Nova


Hum. Olhe lá. Olhe lá. Uma nova ideia. Um nova plateia. E mais o que? Tudo igual. Tudo igual. Biologicamente reverenciado com necessidades e belos ponteiros. Estamos em palavras bonitas. Viva a ciência! E viva tudo aquilo que conhecemos e aquilo que ainda vamos conhecer. Os gatos saíram para passear e os ratos dançam em cima do fogão. Novas teorias em velhos alicerces. Tudo é bom enquanto mau não é. É do carnaval passado a fantasia que vai ser reaproveitada. Eu não sou nada. Mas sei de onde vem a chuva. Eu já visitei várias nuvens e nem todas eram água. Algumas eram de fumaça. E não eram todas sinais de fumaça. Algumas eram de sonhos destruídos e outras eram mesmo de corpos. Eu optei por ser feliz mesmo que isso significasse ser um triste. Eu entrei sem novelo algum em tormentosos labirintos. Eu fiquei sentado na beira do abismo esperando a queda. Mas a queda não veio. E tampouco a tempestade. Temos muito pouco tempo para isso. Eu sei quase todas as coisas. Porque fiquei olhando coisas simples. Eu contei as pétalas que haviam no jardim. E suspirei todos os amores possíveis. Haviam muitos dragões em mim e os matei todos. Não me deixe com saudades. Vamos rir deliciosamente por todas as coisas. Deliciosamente no canto da boca. Deliciosamente com os olhos. Sem problemas. Em entrelinhas como sempre foi. Perseguido pelos bons. Pelos corretos. E por tudo aquilo que representa o normal. De boas intenções há lugares cheios. E a caretice assiste o programa de domingo na sala de estar. Um sono só, Confortavelmente tecnológico, Hi-tech como foram os brinquedos do filhinho do faraó. Nunca sabemos o final feliz de intermináveis discussões. Era a era que era, E a hera sobe nos muros, Toda a sua experiência é menor do que o álcool que sobe em meus neurônios! Toda a juventude é pálida e proparoxítona, Unissilábica em berço esplêndido. Não queremos fábricas de deuses, Os carros já bastam para aturdir nossas mentes,Luzes demais, No meio está o vale que vale, Eu sou humano até que se prove ao contrário, E como espero também a folia todos os anos, São certas as certezas que acertamos certamente? Atrás do trio elétrico os alquimistas sambam, A pedra filosofal é a alegria de muitas coisas. Pornograficamente saborosa. Como cabelos artificiais mais soltos, E dentes artificiais com um belo sorriso...

sábado, 1 de novembro de 2014

Sem Lirismo, Sem Flores, Sem Cores


Eu hei de ser sempre apenas um sujeito rude
Chegando aonde pude chegar como eu pude
Com os pés cheios de pó e as mãos calejadas
Conhecendo como conheço todas as estradas

Não parei pelo caminho para colher as flores
E nem reparei sequer quais eram as suas cores
Eu sou apenas isso eu sou apenas um bruto
Com lágrimas nos olhos e um peito em luto

Eu sou apenas isso apenas mais um caminhante
Apenas mais um alguém que segue adiante
Eu não conheço alguns versos cheios de lirismo
Eu conheço apenas as tocaias e todo o abismo

Eu não conheço rimas e metrificações perfeitas
Conheço armadilhas na noite e as ruas estreitas
Conheço quem sofre e quem quer e quem deseja
Conheço a calçada e a cachaça e a cerveja

Conheço a putaria que existe em todos carnavais
Conheço a picardia e conheço até bem mais
Os gritos que permaneceram mortos na boca
E uma alegria contida que foi bem mais louca

Sei de cor a fala que possuem todos os artistas
Conheço todos os crimes e também suas pistas
Fiquei nos andaimes e escalei montanhas altas
Rezei com os pecadores por todas as suas faltas

Senti fome e senti frio e ainda senti o medo
Vi os velhos morrendo e os novos morrendo cedo
Vi também as crianças que a guerra maltrata
E a minha amada foi das putas a mais barata

Eu hei de ser sempre apenas um sujeito rude
Chegando aonde pude chegar como eu pude...

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Insaneana Brasileira Número 52 - Por Ora É Um Trago

por ora é um trago tome cá Dindim e Ziquinha seus dois parvos olhadores de terras não há nada mais que fazer por enquanto do que biquinho e cara feia são feitas muitas ruindações pela estrada afora e nem ao menos gritar podemos era bom se todo mundo sorrisse era bom as crianças não morressem na disputa dos grandes era bom que tudo bom fosse bom e cada reza nossa tivesse um resultado por ora é um trago de paratudo por ora escorreia direto de cano abaixo deixando o inferno no peito e o calango solto lá em cima no quengo afemaria que doido eu tropeço em pedras que não existem e procuro cama pra mimi astúcia de gente velha com certeza já vi muito circo de cavalinho e acredito em tudo menos em discurso bem feito nem todo nós fica tricotando e crochetando que nem grega ai meu God que maleita serena que irrita pobreza de tudo seus conformeiro de mierda me distrata aí vai que o mocão é na hora tempo não quer dizer bateria esgotada muito menos pilha fraca hum vai te cata enganadeiro da porra eu num cridito mermo uma hora mais cedo é quase que nada porquero safado a cantorina é mia e eu faço o que eu quero conserta logo essa merda de brinquedão tão pensando o que? mingana que eu num gosto porra! com muito exclamório por rabo adentro safadico catador de desculpa eu durmo no barco mas não tem convençório neca vai pro inhame seu burlesco patusco kizila sonsa que não vem nem na boca faz anos que o mamulengo muda mas a piada sem graço é a mesma apois parece o Dumbo naquela cordita maledita praláepracá de parecer hipnose eu sei certinho o que tem lá detrás desse quebra-cabeças mafonho sou vanguarda sou afrente muitos e muitos nuques juro pelo meu time do coração por ora é um trago quase doisdedinhos só pra molhador do biquito sem funil de túnel que parece bonito quando se atravessa pequeno melhor que isso só chuva e estala-língua de que será? vinho não! é bebida de padreco e de moleque que se exibe no baile vamos de treva! roda tudo tontia tudinho e a gente até esquece da meia-noite bem de dia...

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Insaneana Brasileira Número 51 - Siderais Campanhas

É a fera apresentada em coloridas pílulas. E com um sorriso de creme dental. Os leões aprenderam a mais fina etiqueta. E os tubarões agora são dourados e de barbatanas esvoaçantes. As fadas são vampirescas e com tons não mais assexuados. Tudo que eu quero cabe no bolso. E meu cartão de crédito tem limite ilimitado. Não se esqueçam de assinar nosso livro de presença por favor. Tenha a gentileza oposta ao do profeta. É um moralismo às avessas. E provocamos os dragões com palitos de dente. O ridículo é a medida do que fazemos. E a piscina no fim de semana é o máximo que podemos obter. Os maus espíritos vagueiam entre os automóveis. E disputam lugar com os vendedores de balas e chicletes. Eu joguei em todos os números e acabei perdendo o sorteio. As cicatrizes doem mais que as feridas. As sombras passeiam mais alegremente que os próprios homens. Cada dia tem sua festa. Seu enterro. E seu carnaval particular também. É o bêbado na rodoviária mijando num canto com todos os motivos do mundo. Sintam seu cheiro no ar! O perfume substituiu o mau cheiro faz muito tempo. E as boas intenções são apenas uma das máscaras do teatro. Só não sabemos qual... E não importa muito se há comida de bebê em grandes quantidades. E se as fraldas descartáveis estão na liquidação. Liquidação. Porteira aberta. Fazendas sem bois. Multidões sem palavras. Gritando mudamente o que ninguém nunca falou. O imposto foi imposto. Os impostos foram impostos. E a cada um seu mau pedaço. São histórias de papéis trocados. E um grande vento invadindo nossas janelas. Vinganças das flores. E o que mais aparecer. O pó do pólen invadindo nossos pulmões já brocados. Não temos más intenções. Mas mais intenções. E tudo acabou exceto o desejo. E tudo acabou exceto a história. Tudo embaçou. Menos os vidros sob a forte chuva. E quem mais errou acertou...

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...