quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Insaneana Brasileira Número 59 - Vai Passar

Vai passar todo tempo ruim. Um dia há de passar. Esquerdas e direitas num mesmo jogo. Tudo é um campeonato. De bolas de gude. De futebol. E de até nomes feios. Porque é sempre noite. Mesmo havendo bravios sóis. Tudo contribui para o sofrimento. E o erro é nosso companheiro mais constante. Quando teremos paz? Nunca. Enquanto houverem sonhos errados e constante teimosia dos que nos ferem. Eu tinha muitas gudes e eles me batiam. Eu não aprendi jogar por culpa deles. Era um tempo de areia que o vento levou bem pra longe. Não quero nem mais pensar nisso porque me dá náuseas. As náuseas da alma são as piores que temos. A cachaça em excesso não é nada comparado com isso. Não há culpados. Este é o maior dos problemas que enfrentamos. Abaixe sua cabeça. Admita seu erro. Nem mil padre-nossos e nem mil ave-marias pagarão seu preço justo. Vai passar? Nada passa. Talvez passe o cordão do Chico e eu não tenho nada a ver com isso. Eu sou mais um. Sou acompanhante da tristeza que veio. E cicerone da agonia que cisma em não ir embora. Quem me dera... Beijar aqueles lábios que eu tanto queria. E qualquer um outro filho-da-puta beijou... Não há mais chances para perdão algum. Foi sem querer? Meu repertório variado de palavrões está aí mesmo... Não tenham pena. A pena é uma facada disfarçada e escondida na manga da camisa de mangas compridas. Covardia. O tempo já passou. Não diga meu nome em voz alta. Aqueles que vieram certamente não têm culpa. Mas eu não quero saber de porra nenhuma. Balas de alcaçuz e dropes de anis para os nossos convidados. Eu nunca fui bem comportado e agora muito menos. Nem quem sou na verdade. Só sei que tento escrever alguma coisa para que ninguém leia. A gramática não é meu forte. Mas soluçar diversas vezes seguidas. Isso sim. E me matar aos poucos com um cigarro atrás do outro. É que existem diversas fumaças. E grandes estradas sem rumo algum. Eu escolho certos lances. E as rosas que colho em qualquer jardim desse mundo que aí está. Este mundo em que serafins e demônios brincam de roda. Tudo passa. Menos os velhos feitiços que as bruxas fizeram um dia. E as marcas nos meus joelhos de quando caí. Eu não caí em São Sebastião. Nem você se matou. Tudo depende de piedosas mentiras. Não gostamos e até gostamos. Tudo bem se nos cortamos em afiadas lâminas. É apenas poesia. Pura poesia como veneno mortal em nossas veias. Vai passar sem plágio nenhum. Cada invencionice é um drama novo...

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