Leve era o ar que em alegres réquiens se espalhavam. Tudo tinha um tom azul feito as louças que vi numa loja de Lisboa. E meus olhos se alegravam então.
Médio era o ar que afagava teus cabelos todo tempo. E meus pés andavam em tua direção sem cansarem. Mas o destino se recusou à promover tal encontro.
Pesado era o ar que de meus sonhos emanavam. Tal qual o perfume enjoativo de tempos vividos e idos. E de memórias aflitas que não consigo mais me lembrar.
Leve era a água que corria fria em calçadas esquecidas e ruas sem passantes nem de dia. Eu era um tolo rindo de piadas sem acaso como quem é expectador de um teatro solitário. Nada mais para salvar o paciente.
Médio era o vento que soprava as folhas caídas de mortas árvores de meu quintal. E os três coqueiros apontavam para um céu sem cor. Cantemos uma canção nunca dantes cantada.
Pesado eram os dias de trevas que vivi em mim. O gosto da sede bandida que nunca passava. E as letras que se embaralhavam num esforço inaudito do que é viver.
Leve era o recreio escondido pelos cantos. As brincadeiras cruelmente inocentes e em moda. E era o amor negado para todos aqueles que amam.
Médio era os cores dos teus vestidos. As batalhas nunca travadas pois não existiam guerras. E a dúvida expressa num espelho que nada reflete.
Pesado era a mente em desesperada lógica e em desesperadas contas que nunca dão certo. E o vaivém do mar quando devemos pular para a nau. Eu sou o projétil que errou o alvo e ainda assim mesmo comemora com vários estampidos.
Leve e médio e pesado eram três ares que enchiam meus pulmões...
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