quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Uma Alquimia


O que já foi um dia apenas alegria
Hoje se transforma em tristeza e saudade.
Os rostos tão bonitos do ontem
Agora se enchem de rugas e de mágoas.
A brincadeira inocente e tão boa
Agora é um gesto mecânico sem sentido.
A novidade de ontem tão bem vinda
Agora jaz jogada em um canto qualquer.
Não éramos felizes de forma alguma
Mas um sofrimento maior faz essa ilusão.
A poeira enche todos os cantos da casa
E os nossos pensamentos reagem imediatamente.
O que eu tanto queria não quero mais
Porque foi a vontade que encantou todas as coisas.
Não esperemos que as coisas voltem
Tudo que anda só conhece passos para frente.
Os velhos possuem seu falso arrependimento
Porque tudo que foi feito está feito e pronto.
Os novos só riem da desgraça alheia
Mas não sabem que esta será a sua também.
A embriaguez tão boa da noite passada
Deu à luz um filho feio chamado desilusão.
A água já passou por debaixo da ponte
Mas todas águas se parecem e nunca são iguais.
Cada erro foi apenas um acerto cometido
Que apenas foi visto por um outro lado.
Não me lancem malditas maldições e pragas
Porque rio todos os momentos do que vem aí.
Esperemos tranquilos quaisquer tragédias vindouras
A esperança se esconde serena sob todas as pedras.
O jardineiro já sabe o tempo certo de todas as flores
E as guardou todas as que conseguiu para mim...

2 comentários:

  1. Sua poesia retrata a vida real: sonhos, esperanças, devaneios, desilusões e a velhice que chega sem poder voltar atrás e corrigir erros agora com experiência. Nada tem volta, o que resta é seguir adiante e ter esperança que se esconde mas existe.

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Carliniana XLIV (Tranças Imperceptíveis)

Quero deixar de trair a mim mesmo dentro desse calabouço de falsas ilusões Nada é mais absurdo do que se enganar com falsas e amenas soluçõe...