domingo, 14 de dezembro de 2014

Insaneana Brasileira Número 60 - Solmente



Em estados inconscientes vamos andando pra frente. Desde que o pra frente seja pra trás. Comemorações anuais em compromisso. E o que mais possível for. Era nosso calendário em letras marcadas. Tudo urge. Tudo surge. Como monstros na areia do escaldante deserto. Hoje é dia do gás. E daqui quinze dias também. A vida passa rápida e lentamente. As tristezas chegam afobadas e as alegrias com cara de preguiça. Eu nem sei bem onde guardei as chaves. Mas as portas estão fechadas. E os corredores desertos. Não há pichações pelas paredes agora caídas. E o pátio cheio de ervas daninhas e debochadas. Foram tantos anos e tantos planos minguados. Sóis noturnos. Sóis estrelados. Desenhos no papel. E decalques na geladeira da sala. Todo filme alegra e entristece juntamente. Braços dados. Rostos sumidos. Eu era um triste. Agora não sou mais. Sou dois. Porque a tristeza veio velha. E com vários compromissos adiados. E com várias compromissos aliados. Vamos dançar nossos xaxados. Vamos pular através da fogueira.  É assim. Não de outra maneira. Versos cambiando la plata. Suspiros de velhos romances. Folhetim à beça. Como nunca tivemos antes. A mente embaçada como chuva no vidro. E o vidro empoeirado dando uma laminha estranha. É nossa hora. Acabou a madeira. E eu faço quantas palavras que quiser. É o único ofício que o vagabundo aqui gosta. Fora olhar as coisas que acontecem no mundo. E as humanas idiotices seguindo o igual script. Tudo bom e nada presta. Como frases saídas de um almanaque igual aquele que eu perdi. Sem sombra de dúvida duvidamos. E os circos mambembes nos dão belas lições. É a vida sendo o que é. É hora do ora pro nobis. Bem cortado e bem lavado e bem feitinho. Politicamente correto e bem careta. Como salamaleques de novelas antigas. Eu quero explodir em gomos. E em azedas aflições de bem querença. E nunca mais fui pra escola. Mas sem marginalizar todo o amor que sinto. É um simples ataque de abelhas e/ou marimbondos. Faço o que eu quero sem me arrepender deste exato momento. São ações bobas em que me rio muito. Conspirações inocentes de roubar os doces ou tocar o piano. Cada um com sua parte. À mim coube o lado esquerdo da história. E os mais sentimentalismos que se puder ter...

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