terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Menino de Asas Sentado Na Beira do Abismo

Menino de asas sentado na beira do abismo
Movimento contínuo e motivo de viver
Eu hei de de recitar todos os meus versos
Porque sou tu e na verdade sempre hei de ser

Tu olhas do alto todos os que aqui passam

Cada dor, cada alegria, bem e mal, cada paixão
Sabes melhor do que ninguém o que se passa
Na vida e o que sente cada um coração

Menino de asas sentado na beira do abismo

Ao mesmo tempo a tentação e o tentador
Eu te carrego por todos os meus caminhos
E  sempre e sempre te dou o meu amor

Me ajude a caminhar por esse triste mundo

E até me dê mais um tempo pra ficar por aqui
Porque apesar de tantos risos que já dei
Ainda mais um tanto deles que eu perdi

Menino de asas sentado na beira do abismo

És a coisa que agora mais me importa
E andaremos junto pelas ruas do mercado
E brincaremos no caminho ou atrás da porta

E no dia em que a minha hora realmente chegar

A de outra forma não pode ser nem diferente
Aí sim eu quero realmente de vez te encontrar
E ficaremos então juntos tão eternamente...

Que Tenha

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Que tenha que seja
Um gole à mais
Na nossa cerveja
Me deixa em paz
São versos curtos
O que quero
São os meus surtos
O que espero
Nada disso
Nada daquilo
Um compromisso
Com estilo
Com a vida ganha
A vida perdida
A nossa façanha
Ou a ferida
Me dê a boca
Me dê o que puder
É sensação louca
O que vier
Tudo muito bom
Tudo muito bem
O tom e o tom
Que se tem
Contem a conta
Descubra o quantia
A ponta que desponta
Está no dia
É inteiro
É pedaço
É janeiro
E é espaço
Tudo bem
E tudo mal
É zen e é amém
É carnaval...

domingo, 29 de dezembro de 2013

Cemitério de Boas Intenções


Em cada epitáfio desses há um drama
Para ser porque ainda não foi chorado
Uma história sem ter um final feliz
Como vemos em qualquer um lado
Em que sonhos caíram diretos no chão
E nenhum deles foi ainda apanhado
E a terra lhe foi posta em cima
Como tudo que passa vai ser ocultado
Sete palmos é o que lhe resta
Sete palmos é o único legado
Existe em cada um que aqui está
Um encontro que acabou não marcado
Um amor que foi apenas maldito
Um prazer que nunca será gozado
Uma carta que acabou não escrita
Um rosto que virou para o outro lado
A corda que enfim balançou o corpo
O gatilho que acabou sendo apertado
E neles se repetem pretéritas blasfêmias
Para que um demônio seja acordado
Haviam tantas e mais tantas histórias
Mas nenhum enredo acabou bem contado
E mesmo que se seja agora o moderno
Qualquer dia seremos apenas o passado
O passado que passou tão depressa
E que nem um só sinal deixou marcado
Eram tantas as nossas boas intenções
Mas agora acabou e está bem acabado...

sábado, 28 de dezembro de 2013

Paradoxalmente Paradoxal

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Faço muitos versos para não serem lidos
Eu me escondo num canto para aparecer
Tomo estes remédios com prazos vencidos
E quem sabe desapareça o medo de morrer
Morrer de paixão por um amor que não quero
Morrer de tesão pelo desejo que não tenho 
Por me desesperar é que mais eu espero
E por me desconhecer é que sei de onde venho
Eu venho do abismo da montanha mais alta
Do lado mais deserto que o mar possa ter
E a ânsia da distância me faz tanta falta
Como uma rosa que míngua ao crescer
Peço coisas para não ser nunca satisfeito
Calculo sua impossibilidade para poder pedir
E se desejo estar agora deitado em meu leito
É para que a insônia venha eu não possa dormir
Eu sou demônio por isso vim lá de cima
Se tenho duas asas prefiro mesmo é andar
E por mais que elabore a minha pobre rima
É porque me calo pois ainda não sei falar
Estou calado em gritos sem chamar atenção
É de manhã e todos ainda vão dormir
Não há nada mais para esvaziar o meu coração
Então aqui permaneço enquanto vou partir...

Ciranda Encantada


Escrever até versos que não sei
Comer aqueles doces na calçada
Viver a vida como se fosse um rei
O menino é mesmo se não tem nada
Vamos rir! É como manda a nossa lei
Nesta nossa Ciranda Encantada!

Rodar em círculos e sempre rodar

Nossa cabeça já está ficando tonteada
É tão bom brincar é tão bom não chorar
Fazer da vida uma brincadeira engraçada
Se acabou vamos então recomeçar
Nesta nossa Ciranda Encantada!

Estar presente mesmo estando ausente

Que assim seja feita a nossa jornada
Com a alma triste e o coração doente
Como se não tivesse acontecido nada
Cada dia é um dia tão mais diferente
Nesta nossa Ciranda Encantada!

E cada etapa é uma etapa a mais

Vamos andando tem ter parada
Vamos procurando a nossa paz
Só existe isto e não existe mais nada
É o que o destino então nos traz
Nesta nossa Ciranda Encantada!!!

A Obra e o Seu Criador


A obra e o seu Criador nasceram juntos
Foram quase gêmeos de um quase parto
Discutiram sobre variados assuntos
E beberam de um mesmo quarto

A obra e o seu Criador trocaram idéias

Combinando todo e qualquer detalhe
Para que depois de pronta a panaceia
Ela então logo de uma vez se espalhe

A obra e o seu Criador contaram piadas

Tiveram vários lances trocaram aforismos
De como as vidas são tão engraçadas
Mesmo quando possuem os seus abismos

A obra e seu Criador trocaram críticas

Mas eram umas críticas bem amigáveis
Falaram de algumas novas políticas
Com suas desuniões bem mais estáveis

A obra e seu Criador foram à confeitaria

Vão tomar chá e vão comer bolinhos
Mas meu Deus mas quem o diria?
Vão até convidar seus vizinhos...

A obra e o seu Criador nasceram juntos

Foram quase gêmeos de um quase parto
Discutiram sobre vários assuntos
E deixemos pra lá estou quase farto...

Reais Cálculos


Falta apenas um dia prum dia à mais
Falta apenas um dia prum dia à menos

Contas do fim do mês

Contas do fim de semana
Não sei como tem talvez
A ida em Copacabana

Falta apenas um dia prum dia à mais

Falta apenas um dia prum dia à menos

Contas do fim do dia

Contas do fim da hora
Por mais que seja vadia
Qualquer jornada demora

Falta apenas um dia prum dia à mais

Falta apenas um dia prum dia à menos

Contas do fim do minuto

Contas do fim do segundo
A ordem dos fatores altera o produto
Assim como gira o mundo

Falta apenas um dia prum dia à mais

Falta apenas um dia prum dia à menos

Contas do fim do mês

Contas do fim de semana
Não sei como isso se fez
Mas talvez seja mais bacana

Falta apenas um dia prum dia à mais

Falta apenas um dia prum dia à menos

Contas do fim do dia

Contas do fim da hora
Eis que lá vem a alegria
Mas cuidado vai se embora

Falta apenas um dia prum dia à mais

Falta apenas um dia prum dia à menos

Contas do fim do minuto

Contas do fim do segundo
São as carpideiras que fazem o luto
Se há mais choro mais profundo

Falta apenas um dia prum dia à mais

Falta apenas um dia prum dia à menos...

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Eu Não Vi


Eu não vi passar o carnaval
Por isso continuei dançando
Eu não vi acabar o mal
E assim continuei chorando

Eu não vi que amanhecia

E deitado continuei e dormindo
Eu não vi o balão que subia
Enquanto eu mesmo ia caindo

Eu não vi e mesmo assim vendo

Cada coisa mesmo se despercebida
As coisas que iam enfim morrendo

Cada dor com a sua ferida

Que em versos vai escrevendo
O que então chamamos vida...

NonSense N°2


O que não enxergamos ignoramos
Como bons idiotas que somos
Sem nuvens de algodão com anjinhos felizes
Tal qual cartões postais celestes
Sem se importar com os setenta pecados capitais
Um à um vamos cumpri-los 
Para alegria dos que gostam de falar mal
Águas e mais águas o tempo todo
E a disposição inata de inventar novos mitos
Ou novos sanduíches para alegria geral
Somos nós os grandes homens da revista
Uma nova escada nos leva ao alto
E um novo abismo é inventado por conta
Eu quero mil beijos da garota loura sardenta
Ou que o garoto sardento me inveje pelo menos
Saldem-me com antigas expressões ininteligíveis
Como no primeiro natal após nossa amizade
Sinceramente estou sendo sincero em minha sinceridade
Não sei onde haverão novas guerras mundiais
Mas se quiser o tempo empresto meu relógio de pulso
Não são nenhum intelectual com tiradas inteligentes
E às vezes cavo o chão com as mãos rude mesmo
Vá que numa dessas eu encontre um tesouro
Ou gaste minhas unhas sem precisar de cortador
O tempo vai passando sem conclusões à tirar
A perda de tempo é só isso que é
Nem mesmo querendo de outra forma podemos
Deixei de fazer tanta coisa mas é assim mesmo
Quando quiser inventar palavras novas eu faço
Se são feias ou bonitos isso são outros quinhentos
Ou mil ou um milhão ou nenhuma outra quantia
Só me dá uma ânsia e então eu tento respirar
Pois faz muito tempo desde ontem mesmo
E as estradas estão cheias de alminhas para que rezemos
Vá lá e me pegue um doce daqueles que mais gosto
É fácil de saber qual é só perguntar à eles
O meu nome está gravado em qualquer espaço
E até meus versos sabem quem eu sou...

NonSense N°1


Nossa quase perdi as estribeiras bandida
O sol tava quente demais pra qualquer pensamento
E de vez em quando damos uma escapulida pelos céus
Quase gozei cinco vezes e meia nessa última meia hora
Tentando decifrar uma aforisma matemático
De como a vida pode ser breve em cem anos
Cem anos é pouco muito pouco mesmo
Se levarmos em conta os gibis que podemos ler
E a sua releitura pode ser obrigatória às vezes
Venha cá me chateie mais um pouco
Dê-me os beijos que não pedi em verbo algum
Estamos tristes é bem verdade
Mas é o compromisso registrado em cartório
Sem lágrimas fica difícil entender a piada
E alguns enterros podem ser mais divertidos
As carpideiras aprenderam a dançar
E os rouxinóis acabaram fazendo greve
São sóis estes de fim de ano coincidentes
E por mais que seja claro serei obscuro
Não faço enigmas mas sou um deles
E se sobrevivi à muitos barcos e barcos
É porque as novelas nunca acabam na verdade
Deixei alguns versos por aí e vou buscá-los
São muito importantes tê-los junto comigo
Para jogá-los fora quando quiser
Eu sou o show o garoto-propaganda do verão passado
A nudez coberta em panos transparentes
Caí de pára-quedas no meio do front
Distribuindo tiros e sorrisos ao mesmo tempo
Nunca pense nos peixes se não tiver águas
E águas muitas e muitas por falar nisto
Automaticamente como uma psicografia freudiana
Negamos tudo para que tudo seja reafirmado
Está em liquidação ser bom ou mau
De uma forma ou outra o destino andará
Meia volta ou volta e meia tudo é volta
E encontramos sentido até onde não está...

Algumas Espirais


Elas sobem ao ar e eu olhando
A vida que aos poucos se esvai
Vão aos poucos se dissipando
Enquanto minha alma então cai

Encham o quarto agora vazio

Saiam se puderem pelas frestas
Enquanto em meu peito sinto frio
E essa solidão é que me resta

Nada sei e nada quero nem sinto

É como se estivesse anestesiado
Por alguma droga ou um absinto

Algum segredo não bem explicado

E alguma alegria ainda eu sinto
Como a fumaça no ar e seu bailado

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Era o Menino

Era o menino. Era ele sem dúvida.
Olhando as coisas ao redor e anotando todas elas.
Atrás de grossos vidros haviam seus olhos demais.
Ele anotava cada cor e cada som soltos no ar.
Mesmo que passe todo tempo do mundo.
Mesmo que as estrelas se apaguem um dia.
E cada riso se torne em choro novamente.
Ele sim poderá sorrir por tudo que foi um dia bom.
Ele guardou e cada coisa se tornou um tesouro.
De cada partida ficou ainda um pedaço.
De cada tesouro enterrado lhe restou uma moeda.
E tudo aquilo que não foi seu um dia agora é.
Todos se inclinem perante o rei.
Com sua coroa de lata e sua espada de madeira.
Só ele sabe o segredo além das nuvens.
Só ele cavalga em invisíveis corcéis.
Ao seu comando está incontáveis batalhões.
Por sua ordem as ondas do mar pararão.
Ou tempestades se formarão em claros dias.
Nada de tecnologia o comove ou o compra.
E nem a zanga dos homens maus lhe faz tremer.
Toda maldade acabou em um só instante.
E as bruxas voltaram para dentro da escuridão.
Era o menino. Era ele sem dúvida...

Contra a Maré



Vá e vá e tente e tente
Às vezes são às vezes doente
Às vezes sábio às vezes demente
Fechar os olhos e ir em frente

Porque a vida sempre marca

É um barco é uma barca
E tudo que tenho e que faço
É no peito que encontra espaço

Vá e vá e tente e tente

Às vezes triste às vezes contente
Às vezes escondido às vezes aparente
Cerrar as mãos e cerrar os dentes

Porque a vida é assim mesmo

São vários tiros todos à esmo
E tudo que tenho e que faço
É contra eu mesmo e meu cansaço

Vá e vá e tente e tente

Às vezes rio às vezes ardente
Às vezes atrás às vezes na frente
Não saber nada e estar ciente

Porque a vida é um labirinto

Coisas que vejo e coisas que sinto
E tudo que tenho e que faço
São faces opostas do mesmo pedaço

Vá e vá e tente e tente

Às vezes acordado às vezes dormente
Às vezes o tal às vezes carente
Fechar os olhos e ir em frente...

Calçada da Minha Infância


Naquela calçada eu sentava e ria
E certamente saber eu já sabia
Que não custa nada ter alegria.

Naquela calçada eu sentava e via

Tudo que passava e tudo passaria
E fosse embora quando fosse o dia.

Naquela calçada eu sentava e ia

Sentindo saudade enquanto comia
Os doces que me dava a minha tia.

Naquela calçada eu sentei e levantou

Uma outra pessoa e o menino ficou
E até ele que sorria então chorou...

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Estados Avançados de Demência


Sou humano e faço o que quiser com o planeta.
Sou esperto e me dou bem em qualquer situação.
Sou mais bonito e sou ponto de referência de tudo.
Não há mais nada fora daquilo que acredito.
O que conheço é o suficiente para tudo e todos.
A minha raça é superior em todos os aspectos.
O lugar que ocupo no espaço é o melhor de todos.
Sou ofendido mas nunca ofendi nem ofendo ninguém.
Minha orientação sexual é a biologicamente certa.
Somente minha moral está acima de qualquer suspeita.
Meu senso de humor é o único aplicável.
Minhas escolhas são as únicas providas de bom senso.
Acredito piamente em tudo que a mídia diz.
A moda é a parte mais importante da existência humana.
A televisão é o maior meio de expressão artística.
A política é algo complicado e inútil que deve ser evitado.
Acidentes só acontecem com as outras pessoas.
Animais são simples objetos que podemos fazer qualquer coisa.
Minha crueldade sempre pode ser justificada.
O que acontece à minha volta nunca é da minha conta.
Verdades e mentiras não precisam ser verificadas.
Somente novidades são importantes em nossas vidas.
Grandes problemas deverão ser resolvidos por futuras gerações.
A vida é somente um tédio desprovido de qualquer sentido.
Respeitar regras sociais é a única coisa socialmente necessária.
Só devemos nos importar com coisas particulares.
Devemos acompanhar fielmente a unanimidade. 
Mentiras repetidas devem ser aceitas como verdade.
Privacidade alheia nunca foi privacidade.
Outras religiões são demoníacas ou simples bobagem.
Só meus erros deverão ser perdoados pois foram sem querer.
A indiferença é o único meio de livrar-nos de problemas alheios.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Jogos Infantis


Há fome na mesa! Surpresa!
Há um cobrador na porta! Que importa?
Eu tenho que ir na festa! Me empresta?
Teve porrada na rua! Na sua?
Quebraram o moleque todinho! Tadinho...
Mexeu com a mulher dozoutro! Que escroto!
A inflação de novo subiu! Quem viu?
Eu quero sair da escola! Não amola...
Vender umas coisas no trem! Faz bem...
Não tenho medo do perigo! Nem ligo...
Nem de bala perdida! É a vida...
Fiquei com três no baile! Quer detalhes?
Não sei nem ler direito! É o jeito...
Que venha logo o carnaval! Total!
Não vivo sem meu time! É um crime...
Eu ando sempre na moda! Eu sou foda!
Que me importa a vida? Já nasceu perdida...
Temos um novo candidato! Esse é de fato.
Cinderela perdeu o cabaço! Foi pro espaço...
Acabou a luz da janela! Mas sem sequela...
Desabou mais um prédio! Que tédio...
Cai mais de um avião! Normal então...
O pesticida não mata. É só bravata...
Quinta é depois de sexta! É claro besta...
As férias são no Natal! Sim anormal...
Que bom! É feriado! Muito obrigado...
Eu não vi nada! Boca calada...
Viver é se calar... Pra não errar!

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Infantil 2 - Bola de Gude


Eu tive várias delas
Todas que pude
Como eram belas
Eram as bolas de gude

Eu guardava num canto

Com todo cuidado
Mas sei as guardei tanto
O que deu errado?

Elas sumiram de repente

Não as tenho mais
E fiquei triste e doente
Não possuo paz

Que por acaso as achar

É favor me devolver
Podemos até jogar
Ou eu dou umas à você

Quero tê-las bem perto

Bem pertinho de mim
Estarão comigo no deserto
Quando chegar o fim...

Nem Sempre

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Nem tudo o que se fala é o que se pensa
Nem tudo que se pensa é o que se faz
Não pense no amanhã a recompensa
Por mais que se ajude querem mais

Nem toda piada foi feita pra se rir

Nem todo choro significa que é tristeza
Nem sempre descer significa cair
Nem todo cálculo dá apenas certeza

Nem sempre o mal te faz infeliz

Nem sempre o amor te leva ao céu
Nem sempre quis fazer tudo que fiz
Às vezes a verdade não está no papel

Nem sempre toda data se comemora

Nem sempre se tem alegria no carnaval
Às vezes a felicidade nem demora
Às vezes ela vem até no meio do temporal

Nem sempre os mais belos versos são perfeitos

Nem sempre tem rosto bonito quem te ama
As melhores coisas tem vários defeitos
A fogueira acaba em cinza e não em chama

Nem tudo que se quer é o que se tem

Nem tudo que se tem fica sem incomodar
A insatisfação humana pede mais além
E quem não nasceu com asas quer voar

Nem tudo o se fala é o que se pensa

Nem tudo que se pensa é o que se faz
Então vamos embora tchau e bença
E pra quem fica fique em paz...

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Nesses Frios Que Se Andam Por Aí


Era um tempo bom. Bom porque queremos e nada mais. Triste sim e muito. Em parte porque eram tempos. Em parte porque tristezas existem em qualquer lugar. Não pense no tempo e na distância. Até quando é um espelho nosso destino nós não saberemos se sobreviveremos ou não. É a mais pura verdade. Esse é o melhor perfume porque os cheiramos. Essas são as flores mais lindas porque as vimos. Qualquer canto será bom se ouvido. Não existe remédio algum que nos cure. E nem pedimos para sermos curados. Eternos doentes de nós mesmos. Vários contos de fadas contados na hora de dormir. E sonhos pesadelados por nós mesmos. Em existem coisas que não podem ser expressas por palavras. O que é comum porque a maioria das coisas assim o são. Não tenhamos medo. O medo também o sente de forma frequente. O ridículo sim é perigoso. E esse nos acompanha sempre. Faz sol em alguns lugares. Aponte a felicidade com o dedo e ela fugirá. Pense que tudo acabou se quiser e se engane com isso. Nada acabou. E a transformação é poeira para os nossos olhos. A solidão é a grande injustiçada querendo nos poupar das feridas que possam aparecer. Olhe suas cicatrizes. Nelas encontrará boas intenções que morreram antes de nascer. Erramos porque a flecha foi apontada para o alvo errado e o acerta. Nada retorna. E se algo tem que ser feito é porque é. O bacurau já cantou antes. E falar ou não falar não diz tanto como deveria ser. Os silêncios costumam gritar. É pena que estamos distraídos com outras coisas. Nada que nos serve veio à calhar. O que é importante chegou escondido. Temos que ser caçadores o tempo todo. Mas tomar cuidado para não caçar dores. Essas sim são frágeis presas. Note bem. As notas finais trazem surpresas. Se não quiser ser precipitado não tome atitude nenhuma. Nada é seguro. Nada é matematicamente medido. O destino delira e treme. Muitos frios andam por aí. Uns mais e outros menos...

Poema Livre de Um Vento Solto


O vento está solto
Quem há de segurar?
Vente e vente
Vente em qualquer lugar
E assim me leve
Pra qualquer outro ar
Onde tenha paz
Pra parar de chorar
E então de vez
Eu possa descansar
Que seja um lugo bonito
Bem pertinho do mar
Me leve logo
Não posso mais esperar
Seja mais breve
Nada mais tenho cá
Meu vento
Pare de me maltratar...

Mãos, Olhos e Pés


De meus dedos correm medos
De meus dedos corre cedo
A ânsia de versos que não fiz
E cada verso é um arremedo
De uma vida sem enredo
Ai quem me dera ser feliz

De meus olhos escorrem ânsias

De meus olhos meço distâncias
Que eu nunca vou percorrer
E até já sentiram fragrâncias
De umas outras infâncias
Que morreram antes de nascer

De meus pés aparecem ruídos

De meus pés em chãos percorridos
Que eu não vou percorrer mais
Amargura de tantos dias vividos
Planos bons mas planos falidos
Vamos descansar em paz...

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Com O Aval da Carne

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Fui feliz e não sabia
Quando minha cara ria
E eu pensava que era sem motivo
Mas o motivo era estar vivo
Respirei e respiramos
Amei e talvez nos amamos
Em público ou em segredo
E eu acho que nem tinha medo
Era bom se embriagar
Beber o mesmo tanto que o mar
E se a cabeça tonteasse
O resto então que esperasse
Comer beber dormir
Chegar ficar depois partir
Isso tudo faz mais parte
Do que qualquer outra arte
Só há luz não escuridão
Não há silêncio só canção
E tudo que fere ainda acaricia
E eu não notei quem diria?
Fui menestrel fiz jogral
Numa cadência de bem e mal
E nada era na verdade diferente
Nem a ferida muito menos o doente

Fui feliz e não sabia

Quando minha alma ria
E eu não achava qual o motivo
Mas o motivo era ser vivo
Suspirei e suspiramos
Odiei e também odiamos
Com coragem ou com medo
Sem rota ou com enredo
Era bom se encantar
De certa maneira com o que há
E se o corpo balançasse
Que a dança então começasse
Transar amar parir
Acordar beijar dormir
Isso tudo feito com arte
Cada um com a sua parte
Só há dor e só há compaixão
A boca fala sim e fala não
E tudo que estranha conhece
Mesmo se a brasa arrefece
Fui bacharel fiz jornal
Na cadência de um carnaval
E nada era na verdade diferente
Nem a ferida muito menos o doente

Oficina Mecânica

Os carros estão desmontados...
Os carros somos nós...
Quietos... Calados...
Os carros afinal somos os nós...

As peças estão espalhadas...
Um grande quebra-cabeça...
Mas as tramas estão montadas...
Por incrível que pareça...

A luz do sol invade...
Tudo é óleo e é graxa...
Estará pronto mais tarde...
Tudo tem sua taxa...

A mulher no velho calendário...
As mãos sujas e unhas também...
Corre logo o horário...
Tudo tem pressa... E ninguém tem...

Os carros serão remontados...
Os carros somos nós...
Quietos... Calados...
Os carros afinal não tem voz...

Quase Tudo


Quase tudo me emociona até o fim
Quase tudo quase me enlouquece
E aí eu me vejo fora até de mim
E aos poucos a minha vista escurece!

Quase tudo me dói todos os dentes

Quase tudo acaba me tirando do sério
E eu vou esperando cores diferentes
Filhas vindas do um mesmo mistério!

Quase tudo está saindo pelas avessas

Quase tudo é agora fruto de um acaso
E quanto mais se fazem as promessas
O fim dá por finalizado cada um caso!

Quase tudo me deixa como possesso

Quase tudo me deixa gargalhar insano
E vemos se repetir o mesmo processo
A vida é a mesma entra ano e sai ano!

Quase tudo é saber que há  guerra

Quase tudo que se faz abalou geral
E esse é o maior espetáculo da terra
Abram alas que aí vem o carnaval!

Quase tudo é mesmo quase tudo

E ao mesmo tempo é quase nada
Atenção pro que fala o surdo-mudo
Nesta nossa meia-noite ensolarada!

Quase tudo é apenas o que eu fumo

Quase tudo é apenas o que eu bebo
Muita gente não sabe qual seu rumo
Mas eu sei ainda aquilo que recebo!

Quase tudo é novo milagre da robótica

Quase tudo foi um acidente de percurso
Coloque a lente e veja por nova ótica
Os mandamentos do grande amigo-urso!

Quase tudo é feito de pura cerâmica

Quase tudo é do novo material sintético
Motores de nova propulsão prânica
Nos levam a um novo mundo ético!

Quase tudo me deixa sem palavras

Quase tudo me deixa sem ter ação
E em minhas palavras mais escravas
Tento mostrar qualquer uma emoção!

Quase tudo me deixa quase feliz

Quase tudo é o melhor do mercado
E a fumaça vai toda pro nosso nariz
Mas agora o fogo já está controlado!

Quase tudo são sentimentos perversos

Quase tudo são apenas boas intenções
Me deixem escrevendo os meus versos
Enquanto ainda existem algumas estações!

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Escultura

escultura de madeira 10
Apenas isso apenas escultura
Puglado no mundo com cultura
Normal bacana bem transado
Indo na maré certo e errado

Apenas gente gente será
Correto em comer em olhar
Tranquilo de sono profundo
Não se modifica mas ao mundo

Apenas número apenas foto

Tem carro tem casa tem moto
Tem conta no banco tem cartão
De repente tem até um coração

Apenas isso apenas eleitor

Que quase até conhece o amor
De frágeis convicções ideológicas
Mas fortes novidades tecnológicas

Apenas pose apenas trágico

Lutador ganhador antropofágico
Leitor de todos livros da moda
Quase nada aflige ou incomoda

Apenas tela acima de toda média

Sem teatro sem comédia sem tragédia
Na verdade nem é bem nem é mal
É apenas apenas algo sensacional

Apenas isso apenas escultura

Puglado na luz numa cela escultura
Normal bacana bem transado
Tudo feito e nada mais guardado...

domingo, 15 de dezembro de 2013

Entardece


Entardece...
E em tons de todas as cores
E em saudades cheias de  dores
Meu coração arrefece...

Entardece...

E eu me lembro de outros dias
Quando haviam ainda alegrias
E minha mente ensandece...

Entardece...

E os passarinhos vão indo em bando
Para os galhos vão se ajuntando
E seus barulhos são uma prece...

Entardece...

E assim vejo como o tempo passa
Em nuvens feias feitas de fumaça
E tudo em mim enfraquece...

Entardece...

Apesar de achar que é tão cedo
E sentir crescer e crescer o medo
E como esse medo cresce...

Entardece...

E em tons de todas as cores
E em saudades cheias de dores
Meu coração padece...

E agora anoitece...

O Melhor Veneno, A Melhor Droga


O melhor não vem na boca
O melhor não vem no pulmão
O melhor é uma alegria louca
E eu danço até a exaustão

O melhor não vem no crack

O melhor não vem na heroína
O melhor não vem no conhaque
Vem na arte que nunca termina

O melhor não vem das favelas

O melhor não vem do crime
O melhor não vem nas novelas
Mas no amor que se exprime

O melhor não vem no jogo

O melhor não vem no vício
Vem da alma e vem do fogo
Que me mantem desde o início

E como um novo drogado

Vou andando pela cidade
Desde o início marcado
Drogado sim de felicidade!

CataVento


Catavento cate o vento
Catavento cate o vento devagar
Catavento cate o vento 
Só não pare de rodar

Catavento cate o vento

Só não pare de rodar
Cate o vento daqui da terra
Também cate o lá do mar

Cate do mar e da montanha

Cate de onde mais ventar
Só não cate o meu fôlego
Que eu ainda preciso amar

Eu preciso amar catavento

Eu preciso ainda sonhar
Catar vento é a tua sina
E a minha sina é chorar

Catavento cate o vento

Catavento cate o vento devagar
Catavento cate o vento
Só não pare de rodar...

Letras


É o trem
É o tem
É o nem

E em cada uma mudança

Muda a vida a esperança
Muda tudo muda nada
O topo o alto da escada

É o não

É o tão
É o são

Em cada letra um abismo

Um sonho um escapismo
Um grito um pedido apelo
E o sonho vira pesadelo

É o prédio

É o tédio
É o assédio

Tudo diferente e tão igual

O bem bem ao lado do mal
A história junta ao boato
O inexistente virando fato

É o fato

É o gato
É o rato

A poesia virou canto de sereia

Eu viro anjo quando há lua cheia
Eu tento tudo mas nada tenho
Sou um deus e sei não donde venho

É cada vez

É cada mês
É cada rês

E em cada uma mudança

Muda a vida a esperança
Muda tudo muda nada
Cada letra carta marcada...

sábado, 14 de dezembro de 2013

Nem Tudo Cura o Tempo Todo

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Me disseram que estou condenado
Mas esqueceram de dizer porque tal
E que eu devia estar fantasiado
Mas não me disseram em qual carnaval
E que se quisesse seria então curado
Mas não existe cura para todo mal...

Nos livros os sábios escreviam mentindo

Inventando para o mundo sua norma moral
E disfarçavam vendo seus prédios caindo
Dizendo que isso era uma coisa normal
Vejam! O paciente melhor está indo
Mas não existe cura para todo mal...

Na televisão vão mostrando histórias

E os fatos vão vindo nas páginas de jornal
Os canalhas ganham o seu dia de glória
E nesse dia ele será mesmo o tal
As pessoas apagam coisas da memória
Mas não existe cura para todo o mal...

Me disseram para eu ficar calado

Pra não cair um dia num tremedal
E que eu devia estar abaixado
Quando passasse aqui o general
E que se quisesse seria então curado
Mas não existe cura para todo o mal...

Eu Sou Moderno


Eu sou moderno
Eu sou eterno
Eu me preocupo com a língua alheia
A minha verdade é apenas meia
E tenho medo do canto da sereia

Eu sou moderno

Eu estou no inferno
Eu tenho tudo e ainda quero mais
Eu estou na moda das redes sociais
Faço a guerra e fico falando de paz

Eu sou moderno

Eu uso terno
Eu sou humano mas rio da compaixão
Eu sou urbano e não tenho coração
E eu só choro pelas roupas da estação

Eu sou moderno

Eu sou interno
Eu zombo daquilo que queria
Eu tenho olhos e fujo da luz do dia
Faço cara bonita e não há alegria

Eu sou moderno

Eu sou tão terno
Eu tenho medo da minha ternura
Eu tenho um mal que não tem cura
E minha vida uma sombra escura

Eu sou tão moderno...

Cego

Quando te olhei não vi mais nada. Era um rosto de sol como hoje quase não se vê mais. E as flores brincavam nele como num grande jardim. 
Era um jardim esquecido faz tempo. E me fez mais feliz do que as pessoas que passam apressadas pelo mundo. Com seus automóveis do ano e suas pretensões mesquinhas. Esqueci mesmo a hora da novela.
Esqueci do mundo que roda impiedoso. Esqueci da poeira que sujava meus pés. E a luz que tira o cor das coisas. Porque a cor estava por ali no teu sorriso.
E o teu sorriso me fez lembrar de coisas e coisas. E algumas delas não poderiam nunca serem expressas por alguma palavra. À não ser que eu inventasse novas.
Novas palavras. Novos versos. Novos tons. Pra as mesmas coisas antigas que salvam os homens. O sonho nos salva. O riso nos cura. O choro nos lava. E assim nem precisamos de tecnológica novidade.
Novidade pra mim era teu rosto. Novidade pra mim era a tua voz. Porque só o amor faz que todas as coisas se repitam sempre novas. Porque só o sonho atravessa o tempo sem morrer. Porque a ternura atravessa as pedras como a luz atravessa as frestas da janela. Sempre e sempre ainda.
E ainda assim fui andando e andando. Cego por te ver... 

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Quero Ser Humano


Eu quero ser humano
Mesmo que o preço seja alto
E custe muitas decepções
Mesmo que tenha que produzir amor
Até que caia de exaustão
Ou que a tristeza me ataque todo tempo
Mesmo que tenha que produzir esperança
E falte até fôlego para respirar
Mesmo que o tempo saia andando
E nem tenha mais tempo de o alcançar
Eu quero ser humano
Cheio de erros de faltas e de carências
Numa guerra constante travada silenciosamente
Contra mim mesmo
Quero rir ou chorar o tempo todo
Dependendo de onde vá a maré
Quero dançar mesmo que não saiba
Mesmo que desconheça todos os passos
E mesmo ainda que me faltem os pés
Quero achar graça da minha raiva
Quero olhar fixo para meus desenganos
E tirar algum proveito deles
Os erros e acertos serão igualmente filhos
Que alguma coisa me ensinarão
Quer ser humano como um anjo ou um demônio
E usar suas asas pra poder voar
Quero ser triste às vezes como um palhaço
E alegre como um rio que não pára de correr
Quero tirar coelhos da cartola 
Pra minha própria surpresa
E estalar os dedos fazendo minhas próprias estrelas
Quero ser humano e dizer bom dia
Aos rostos que nunca vi
Repartir o pão mesmo que isso signifique menos
Porque algumas faltas pode até ser mais
Não quero ser grande nem famoso
Nem ser poderoso ou mais inteligente
Mas quero ser como o passarinho que canta ao sol
Quero ser humano sem truques ou maquiagens
Ser humano sem ter que me pesar nos bolsos
Sem que para isso tenha que modificar versos
Pra que tenham rimas ou métrica perfeitas
Humano todos os dias louco e comum
E como todo humano um dia fechar os olhos
E descobriu que uma luz se apagou e outra acendeu...

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...