Eram dois olhos na escuridão soltos e flutuantes que me deram medo. Era a altura da pressa que me deixou sem fôlego em intermináveis instantes. Era a água salgada feito vidro que tapava e não tapava o sol que quase me matou. Era o choque e o dedo preso na tomada até que alguém me puxasse. Era a estrela que não veio no meio da noite pra espantar o pássaro que aziago cantava sem que se visse nada à não ser escuridão. Era o tombo e era a surra e a perseguição por si só de uma maldade que estava onde deveria estar o que era bom. Era a sensação de ridículo e o amor torvo e torto que não era mais impossível por ser um só. Eram os olhos doendo e o corpo doendo em manhãs intermináveis de um sofrimento que não se pediu. Era a lâmina da faca invisível que brilhava no nada esperando a sua vez. Era a sofreguidão de um canto escuro em que velhas fotografias de poses grotescas acompanhavam o que não teve razão. Era a fumaça do primeiro cigarro fazendo seus fantasmas mais sutis no quarto desarrumado e solitário. Era o corpo inteiro pela metade no não tem mais jeito porque a brincadeira já está feita e o mau gosto veio pra jantar. Era você comigo sem propósito algum em algo sem sentido e ao mesmo tempo malvado. Eram todos as cores que eu não queria e todas as velas que o vento apagou em má hora. Eram sons vindo de longe como gargalhadas insanas maltratando meus ouvidos com as mais duras realidades que não se dizem à ninguém. Era como um estado de sítio e um carro na contra mão e mais que o se pode imaginar mesmo quando não se quer. Era o cheiro enjoativo do fim e o cheiro das flores da morte e o perfume barato das putas e o não perfume de todas as carpideiras em um só ao mesmo tempo. Era o beijo mal dado de língua e o protesto solitário na praça abandonada. Era tudo e por isso não era mais nada...
Perdido como hão de ser os pássaros na noite, eternos incógnitas... Quem sou eu? Eu sou aquele que te espreita em cada passo, em cada esquina, em cada lance, com olhos cheios de aflição... Não que eu não ria, rio e muito dos homens e suas fraquezas, suas desilusões contadas uma à uma... Leia-me e se conforma, sou a poesia...
terça-feira, 14 de janeiro de 2014
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Quase Um Réquiem
Réquiem é coisa pra comer, tio? Não, minha querida, é pra escutar... Os mortos não comem, mas escutam... Assim como você ao Pietro perguntar...

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Cadê o meu sal? Fugiu da minha boca e me deixou sem gosto nenhum... Com ele foram todos encantos que tinham sobrado depois que pague...
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O caminho que vai dar no mar. Consequências de tudo o que pode acontecer. E lá estão barcos e velas incontáveis. E amores em cada porto ...
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Barulho ensurdecedor na malvada avenida. Hora do rush, hora quase feliz... Blasfêmias cantadas nos sonoros aparelhos. O hoje está quase mort...
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