Era um tempo praticamente sem tempo
Que lembro mas não gosto de me lembrar...
Porque haviam ruas, muitas ruas
E eu inutilmente andei por tantas delas.
Porque até houve algum amor
E eu inutilmente chorei por ele.
Porque os sonos eram inquietos
E o sol das manhãs não era tão bons.
Havia a casa dos gatos.
Havia a dúvida de sempre
Mesmo quando transformada em alegria.
Haviam versos guardados com inútil esmero
Que tempo acabou consumindo.
Não te quero mais, me recuso.
E olhar para trás não dá em nada...
Chega de teus carnavais iludidos
E de planos de guerra que nunca vou concluir.
Há muito de morte em todas as coisas
E por isso prefiro ficar parado como o tempo pede.
Não brinquemos mais como foi antes.
Nem achemos que tudo é brincadeira.
Não é questão de matarmos os sonhos
E sim sabermos quais não são ilusões perigosas.
Sei que há perigo em qualquer parte
Mas em tuas antenas tivesse bem mais...
Chega. Nem sobraram fotos que nos relembrassem algo.
Carros passam todos os dias pelas ruas.
Bombas explodem em todas as televisões.
E as balas cortam o ar feito mosquitos.
É tudo como deve ser e não mais.
É tudo o que temos para o jantar...
Nenhum comentário:
Postar um comentário