quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Sou, Não Sou


Eu sou aquilo que não sou
Eu vou apenas onde não vou
Eu peço sem nunca pedir
E vôo apenas ao cair
Eu presto e todavia não presto
E às vezes só amo se detesto
Me calo apenas se deveria falar
E apenas paro se deveria andar
Na hora do sexo sou puritano
E só me avexo em ser humano
Só quero aquilo que não tive
E quando morro o peito vive
Espero em desespero bruto
E na hora da festa faço luto
Por mais querer é que desprezo
Quanto mais desacredito mais rezo
Quanto mais tonteio aí que bebo
E nas vezes que perco é que recebo
Por não saber é que sei mais
E por estar em guerra estou em paz
Estou em guerra comigo mesmo
E só acertos meus tiros à esmo
Estou cheio do mais pleno vazio
E sinto mais calor quando está frio
Anjo apenas por ser demônio
Nem Pedro nem José nem Antônio
Por isso conhecido e desconhecido
Morto mas também renascido
Eu sou aquilo que não sou
Eu vou apenas onde não vou...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...