Quando o primeiro gole desceu até a garganta não pensei em nada. Só pensei talvez que os próximos viriam logo. Sim. Amor sumido entre as nuvens. Eu que me quedo na tampa da mesa em profundo sono. Nunca mais sonharei contigo.
Quando o último trago subiu no ar senti um gosto amargo. Era como a se a fumaça fosse um alento desalentado que mata aos poucos. E eu amassei o maço vazio e joguei na calçada. Assim como o amor que não sentirei mais.
Quando olhei a rua vazia no meio da madrugada pensei besteira. E seria tão bom se as coisas fossem ao avesso. E pudesse te encontrar numa esquina qualquer cobrando o justo preço. E eu te bebesse como quem pede mais um trago. Mas esta hora deves estar dormindo num quarto da casa de família.
Quando desisti de tudo como quem vive pra morrer. E tropecei em meus passos indo pra casa. Senti a inutilidade como um eremita numa caverna que não sabe que o mundo acabou faz tempo. A vida é um arremedo de um roteiro de filme. E eu sou mal ator. Eu não decoro textos. A memória é fraca. Eu gosto de aplausos sinceros. E isso está em falta no mercado.
Quando me joguei em cima da cama só havia o lençol mau arrumado e os travesseiros que abraço. Bem podia ser bem diferente. Queria mesmo ver teu rosto de zanga na penumbra me perdoando pela milionésima vez...
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