domingo, 12 de janeiro de 2014

Da Natureza de Todas as Coisas

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Não são todas as coisas. Porque na verdade o vento varre a maioria delas. Não tente gavetas nem cofres. Gavetas são ótimos lugares para curiosos. E cofres para ladrões. Não faça paredes. Elas caem. Não tente ao menos disfarces. Disfarces são fantasias que desbotam. E máscaras que caem. Não suba nos prédios altos. A vertigem pode te tirar lá de cima da pior forma. Há terremotos e maremotos e tsunamis por aí à espreita de novas piadas. É o que temos pra hoje. É o que temos pra sempre. Na avenida movimentada passam os carros. E nos bares cheios tanta gente elegante. Mas para os carros existem acidentes. E as pessoas uma hora ou outra precisam ir dormir. O sono pode ser um ursinho de pelúcia. Ou um carrasco de afiado machado. Depende da hora e da circunstância. Não perca tempo. Beba a última dose daquela noite e chega. Quantas garotas lindas que esperam ser velhas carpideiras amanhã. Quantos garotos atraentes que amanhã jogarão dominó e cartas numa praça qualquer. Pegue o skate e vá para a pista. Viver é bem mais fácil do que se pensa. E ainda mais maravilhoso do que se possa ter noção. Porque para viver se precisa de coisas essenciais. E essas sim nunca morrem. Os sonhos não conhecem as limitações do corpo nem as do tempo. E nos acompanham fielmente por onde quer que caminhemos. Os gestos de ternura vivem em nossa alma. E a alma só conhece o infinito. Já o amor tem um gosto mais amargo. Mas daqueles amargos que queremos sentir. E que precisamos ter. E que mesmo quando nos mata nos imortaliza. E mesmo quando nos tortura é porque isso fez parte da ordem natureza das coisas. Não se acomode nesse sofá. Vá lá fora olhar as nuvens e conversar com elas. Elas possuem muitas histórias divertidas e coisas interessantes para contar. E podem levar para lugares mais distantes também. Não esqueça das coisas que precisa. Mas não faça da moda seu ídolo. Queira crescer naquilo que gosta. Mas não esqueça que coisas pequenas também são indispensáveis. Os amigos são mais do que o carrão. E quem amamos são mais caros que os anéis. Tenha bastante carinho pelo jardim. As flores são como estrelas que vieram e que vão. Mas sua luz há de ficar para sempre. Cuide bem de quem gosta. Ferir quem nos faz bem é como ferir à si mesmo num masoquismo mal explicado. Viva muito. O muito pode ser vários anos ou um dia só. Essa a realidade de todas as coisas. Nem feia nem bonita. Ela é apenas o que é. Vamos rir todas as vezes que pudermos. Mas chorar sempre que necessário...

(Para Jullyano Lourenço, o Poetinha). 

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