Um dia devo ter sido nuvem
até que líquido me transformei
e caí lá do alto tornando-me - chão...
Não era anjo (certeza tenho disso)...
Num momento impreciso qualquer
saí pela rua e deu vontade de dançar
e era uma vontade tão forte - me fiz louco...
O meu riso ocupava todo espaço em volta...
Engoli rapidamente as cores do dia
para que não escapasse nenhuma delas
e quando acabei percebendo - era flor...
Invadi olhos mortos para lhes dar vida...
Tornei-me um velho e feio camaleão
mas agora ninguém mais me persegue
e caço a minha presa favorita - a poesia...
Acariciei as pedras do caminho e elas a mim...
Juntei todos os meus enigmas possíveis
no grande e velho baú de minha memória
com um pedaço de lua cheia - virei lobo...
Um sino avisará finalmente minha ida?...
Um dia devo ter sido fogo
até que caiu água sobre mim
e dali em diante fui o que sou - cinza...
(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida.
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