domingo, 8 de outubro de 2023

Mais Um

Todo mês, toda data (des)importante,

Tão banal, tal e qual comercial de refrigerante,

O cara teve aquele infeliz sobressalto,

E acabou caindo de boca no asfalto,

Andará de skate na rampa do Planalto?


Toda vez, todo bendito (maldito) santo dia,

Vou gargalhar e me mijar de pura agonia,

A camisinha furou e ela acabou ficando prenha,

Se é mais um miserável que logo ele venha,

Mais um pra fogueira do destino, mais uma lenha!


O cara acabou batendo as botas na fila de SUS,

Para a alegria geral do papa-defuntos e dos tatus,

Agora só bebemos  cachaça com biscoito recheado,

A poeira se espalha pra tudo quanto é lado,

Melhor que poeta falar é ele ficar bem calado...


É mais um, é mais, podem logo preparar a cova,

Escrevam um epitáfio bem bonito, uma frase nova,

Escrevam as datas de forma correta, todas exatas,

Não vai ser preciso escrever quaisquer bravatas:

Eis aqui mais um perdedor que não comeu as batatas...


Só mais um...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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