Todo poema é algum,
toda marca é desenho,
solidão é ter nenhum,
donde vim é que venho...
Os poetas estão chegando,
como pássaros em bando...
Todo carinho me afaga,
todo afeto é tão terno,
toda mentira é praga,
a guerra é feito inferno...
Os suspiros ecoam pelo ar,
ninguém escolhe quando amar...
Toda beleza é vã,
todo riso é estampado,
todo futuro é amanhã,
mas o hoje é passado...
Um periquito tira a sorte no realejo,
eu me entristeço com aquilo que vejo...
Toda rua é caminho,
toda nuvem passeia,
eu uivo se estou sozinho
em noites de lua cheia...
Só o menino que fui tem eternidade,
mesmo nesse país chamado saudade...
Todo vento é segredo,
cada palavra um desacato,
o medo tem medo do medo,
a novidade é um jato...
Do fundo dessa minha triste cela,
acompanho cada capítulo dessa novela...
Todo preconceito é idiota,
todo ambicioso é doente,
o que passa não se nota,
é meio, atrás ou na frente...
A bondade é uma coisa teimosa,
no meio dos espinhos tem mais rosa...
Toda maré uma hora esvazia,
coisas vão não voltam mais,
a que não é quente é fria,
nenhum barco mora no cais...
Para todos os sábios sua sabedoria,
para todos os sóis a luz do dia...
Todo poema é algum,
toda marca é desenho,
quem bebe fica bebum,
donde vim é que venho...
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