quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Nem A Metade

Recorto figuras de papel

e coloco-as em barbantes

para enfeitar a antiga sala...

Xingo bem baixinho o pior dos palavrões

pois tento me ofender e nunca consigo...

Ajeito o topete que emborou

desde os tempos que mirava 

o espelho e ainda sorria...

Eu sou o menestrel que perdeu o alaúde

e esqueceu as letras de todas as canções...

Quero aquilo que inexiste

principalmente o simples

o ingênuo e o que tem ternura...

São calendários que foram jogados fora

temos tanto medo do cadáveres dos dias...

O bobo da corte caiu no choro

depois que a cigana leu a mão

e lhe declarou um cara sério...

Depois de Freud acabaram-se todos os tabus

e ainda existem muitos charutos para acender...

Meu silêncio acaba gritando

e com isso acordou muitas pedras

que existiam pelos meus caminhos...

Não custa quase me dar algumas moedinhas

eu não me canso de lhe estender a minha mão...

Dispenso todo e qualquer enigma

pois eu sou o maior de todos eles

não cheguei aqui por um acaso...

Tenho muitos e muitos pecados variados

me cansaria de contá-los nem a sua metade...


(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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