domingo, 8 de outubro de 2023

Todos Os Zeros

 

Não há maldição suficiente para uso

O tempo anda e o espaço fica parado

No meio desta multidão estou recluso

Apenas respirando fiquei embriagado...


Uso o velho gorro da feira cigana

Nessa rua eu que acordo primeiro

Para mais um dia que me engana

Levanto apertado e vou ao banheiro...


Sobrevivi uma noite  que não choveu

Existem cães latindo em iguais notas

O sol que chega alguém percebeu?

Veio de onde alguém perdeu as botas...


Vou até a garrafa repousando sobre a pia

Olho a louça que sujei na noite passada

Não faço ideia de qual será nova utopia

Não importa desde que seja inventada...


O padeiro xinga porque queimou o pão

A garota irá para sua casa e vai dormir

Uns olhos ainda repousam na escuridão

Muitas folhas que morreram hoje vão cair...


A cerveja vai ser pra bem mais tarde

Se eu der a sorte de alguém pagar

Acabei de tirar meu diploma de covarde

Mas estou com medo de ir até buscar...


Os passarinhos agora cantam no escuro

Nada mais do que isso é o que espero

Agora tanto faz se é puro ou é impuro

Tudo acaba se igualando neste mesmo zero...


(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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