Não há maldição suficiente para uso
O tempo anda e o espaço fica parado
No meio desta multidão estou recluso
Apenas respirando fiquei embriagado...
Uso o velho gorro da feira cigana
Nessa rua eu que acordo primeiro
Para mais um dia que me engana
Levanto apertado e vou ao banheiro...
Sobrevivi uma noite que não choveu
Existem cães latindo em iguais notas
O sol que chega alguém percebeu?
Veio de onde alguém perdeu as botas...
Vou até a garrafa repousando sobre a pia
Olho a louça que sujei na noite passada
Não faço ideia de qual será nova utopia
Não importa desde que seja inventada...
O padeiro xinga porque queimou o pão
A garota irá para sua casa e vai dormir
Uns olhos ainda repousam na escuridão
Muitas folhas que morreram hoje vão cair...
A cerveja vai ser pra bem mais tarde
Se eu der a sorte de alguém pagar
Acabei de tirar meu diploma de covarde
Mas estou com medo de ir até buscar...
Os passarinhos agora cantam no escuro
Nada mais do que isso é o que espero
Agora tanto faz se é puro ou é impuro
Tudo acaba se igualando neste mesmo zero...
(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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