quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Um Poema de Impossibilidades

Monossílabos para um grande discurso,

Hoje é apenas o ontem que sobreviveu,

Minha máscara favorita é a minha cara,

Minhas dores para meu deleite próprio,

Plantei fazendas em quaisquer marços,

Me lembrando do que nunca aconteceu,

Trago um pacote de velhas novidades,

Até que uma febre maleita me consuma,

Perdi minha voz perante toda plateia,

Meu barco está afundado na areia da praia,

Krakatoa agora está somente à toa,

Cigarros meus que me matam sorrindo,

Pelo menos lhe sobrou alguma gentileza,

Mostrarei o dedo do meio ao mundo todo,

Faço caretas no velho espelho do banheiro,

Notei sua linda bunda sob o jeans apertado,

Politicamente correto como qualquer canalha,

Acerto dardos num alvo que nunca mirei,

Alguém chama com insistência no meu portão,

Esqueci de pagar o próprio ar que respiro,

Um dia comprarei o único espaço que terei,

Só ouço os passarinhos que começam o sofrer,

Um passo, dois passos, isso faz um caminho,

Meus ossos estalam como fossem metais,

Mas não possuem mais algum brilho algum,

Margaridas e manacás já murcharam,

A verde grana agora está meio amarelada,

Temos poeira suficiente para todos os desertos,

Monossílabos para um grande discurso...


(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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