Por toda eternidade, pois não?
Mesmo que eu saia um dia de maca
E não possa mais voltar...
Declaro solenemente
Que gosto dessas velhas paredes,
De cada canto que nem sempre
Posso ir em meus tristes dias...
Gosto até da minha rua!
Onde passam alunos indiferentes,
Alguns cães vadios,
Brincam alguns meninos
E todos cumprimentam por hábito...
Reconheço ser difícil fazer sorrisos
E eu mesmo não sou bom nisso...
Eu vou morar aqui...
Um dia serei mais um desconhecido...
Como outros que moraram
E agora também o são...
Eu confesso que um dia prometi
Isso para a primeira casa,
Depois para a segunda,
Depois para tantas outras
(Umas boas e outras nem tanto),
Mas o destino nos faz quebrar promessas...
Assim como gostamos dos brinquedos
E eles acabam quebrando...
E também amamos muitos e muitos
Que partem primeiro que nós...
Eu vou morar aqui...
A matéria testemunhará a tristeza...
Quatro quadras daqui estará o mar...
Suas garças e suas gaivotas tão lindas...
Suas areias um tanto místicas...
Desculpe-me silencioso terraço,
Não subi mais aí por conta do AVC...
Desculpe também saudade,
Depois de algum tempo,
Acaba doendo bem menos...
Eu vou morar aqui...
Pode ser?...
(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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