sábado, 28 de outubro de 2023

Cajus Maduros

Tempo de quase nada.

Decorridos quarenta anos

Quarenta anos se passaram.

Minhas palavras não se encontram mais.

Não há pérolas para pescar.

Só sobraram algumas para os porcos.

Eu só vejo todas as cores.

Mas as cinzas embaçaram meus olhos.

E sinto um vazio no estômago.

Como se minha alma estivesse lá;

Choro com a perfeição dos que treinam. 

Numa mística básica suspiro.

Escrevo em paredes contínuas.

Perdi o mapa do meu tesouro.

Meus óculos em igual forma.

Eu sou qualquer beco vazio e escuro.

Todas paixões caíram ao chão.

Tudo se transforma em folhas.

Falsas promessas agradando mártires.

Magazines tão bem impressos. 

Quadros baratos e mais caprichados.

O futuro tomou café e foi embora.

A maldade caprichou na maquiagem.

Qualquer tema acaba valendo.

Quase caí sobre uma cerca de arame.

E fiz algumas mágicas inéditas.

A culpa com certeza não foi da maçã.

Eu escuto sons que nem existem.

Os olhos dele crescem por cajus maduros.

Tempo de quase tudo...


(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida). 

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