Não há mais nada...
Nem lágrimas pra chorar. As que haviam foram gastas em tristes dias que acabaram passando. Em velhos filmes de romances inventados. Nos velhos dramas de portas fechadas. Nos dramas domésticos por pequenas e menores coisas ainda. Pelos porões sombrios de antigas ideias que acabaram falhando. Nos tempos que achamos bons e que afinal não eram...
Não há mais nada...
Nem risos pra se rir. Pro medo que estávamos disfarçando com velhas fantasias igual se tapa o sol com a peneira. Por não entendermos velhas piadas e brincadeiras de mau-gosto com compromissos solenes de não sermos mais ridículos do que já somos. Nem pra quitarmos compromissos que fizemos com a fumaça que agora nos sufoca...
Não há mais nada...
Nem funerais novos para comparecermos. Porque tudo morre em seu tempo certo e filas e liquidações nos cobram nossa palavra dada. Somos marionetes e temos que cumprir nosso papel. Nossos mortos que descansem com alguma paz que assim o conseguirem...
Não há mais nada...
Nem verdadeiros carnavais pra nosso total desvario. Porque agora a nova moda é sermos apenas aquilo que não somos. Gostarmos do que nos dá ojeriza. Falarmos daquilo que não sabermos. Amarmos em série como toda fábrica pode o fazer...
Não há mais nada...
Nem dias de sol. Nem noites de chuva. Nem frio e nem calor. O tempo nos é indiferente porque o medo baila no ar. Cada segundo é um pulo no precipício. Cada passo uma demonstração de coragem ou de covardia. Cada gesto simples uma segunda intenção...
Não há mais nada... Mais nada...
Nenhum comentário:
Postar um comentário