De caso pensado eu olhei as estrelas. E pude perceber nelas um encanto nunca antes visto. A distância entre nós pouco importa. Posso chegar até lá em um breve espaço de tempo. Meu pensamento zomba de espaço e distância.
De caso pensado corri entre águas. Várias delas. Profundas lagoas que refletem minha solidão. Rios velozes que sabem mostrar a fugacidade de todos os desejos. Mar imenso que faz que eu seja mais eterno ainda com ondas brincando com os números.
De caso pensado provei do ar. O mesmo ar que me levará aos cantos mais diversos de mim mesmo. Que fará subir os balões espalhando todas as cores. E as pipas que levarão os recados dos meninos à imensidão.
De caso pensando reverenciei o dia. Aquele mesmo dia que nos vira as costas e sai andando. O que cumpre rigidamente suas tarefas. Que traz choros e risos misturados em si. Que executa milagres e desgraçadas em seu interior. Dia lembrado e sempre esquecido.
De caso pensado fui ao encontro das coisas mais simples. Das mais eternas flores sem nome. Do canto dos passarinhos que dispensam exaustivos ensaios. Do balé das nuvens de sempre belas formas em sua etérea languidez de quem dorme e que de repente acordará.
De caso pensado fui ao encontro dos homens. Eram todos estranhos e mesmo assim semelhantes à mim. Escutei seus absurdos mais sensatos. Suas vaidades justificadas. Suas mentiras mais inocentes. Tentei compreender como bem e mal andam tão enamoradamente de mãos dadas. Chorei com eles e gritei palavras de ordem.
De caso pensado fui ao meu encontro. Às vezes penso até compreender que aquele meu medo será inútil. Um dia quase tudo acabará. Pelo menos o choro. Mesmo que tenha herdado a tristeza em caráter irrevogável. Mesmo que as minhas ambições por ali cessem e tudo acabe ficando cada vez mais simples...
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