As figuras da comédia dell’arte
de um minuto para outro aparecem. E nós nem sabemos se somos platéia ou atores.
Deve ser porque a diferença é só aparente. E não se dar conta disso é que
afinal chamamos de viver. É o teatro. É o picadeiro. E na verdade a diferença é
o que chamamos de ilusão. Tudo pulsa. Tudo vibra. E os versos são infinitos. Sejam
escritos ou não. Vida e Morte num grande abraço seguido de formoso bailado. Não
pensemos em mais nada. E com olhos fechados e mais que abertos. A dor passa
mais rápido que se pensa. Mas os sonhos permanecem enquanto podem. A lágrima
que escorre naquelas faces é tão bonita. Assim como muitas belezas que se
escondem nas sombras. Noite ou dia. Nem precisamos saber. Porque o coração
pulsa e isso sim vale a pena. Vale a pena suspirar sem motivo. E vibrar por
aquilo que nem sabemos o que é. Os poetas estão aí. E isto sim importa mais. Eles
vêm aos bandos com suas sãs loucuras. E nos mostram o brilho que pensamos
extinto. Nada se extingue. A transformação é a maior das mágicas. E senti-la é
o mágico sendo aplaudido de pé. O divã do analista está vazio e até ele foi pular o carnaval. Veja o toque macio e insano de pessoa amada. A sua coreografia estonteante na esquina brincando com os carros. O asfalto é quente. Mas menos do que a própria alma. E quanto mais calor é melhor. Melhor ainda que recordações que doem no peito. E empoeirados pés que nos olham humildemente pedindo merecido descanso. Cantemos em coro. Enquanto fadas com asas de borboleta cantarolam pelos jardins. E gnomos e duendes disputam intermináveis partidas de xadrez. É a vida. E se não fosse ainda assim mesmo seria. Porque está ali no script. E os ensaios foram bem detalhados. É o cheiro de incenso no ar. E os monges budistas curtindo a banda punk. Toda explicação é plausível e absurdamente absurda se me permitem. Há muitas máscaras sobre as prateleiras ainda sem uso. Não sejamos bons ou maus por enquanto. Mas amemos com a sofreguidão dos camelos em sua jornada de areias. Cada um com seu papel...
Perdido como hão de ser os pássaros na noite, eternos incógnitas... Quem sou eu? Eu sou aquele que te espreita em cada passo, em cada esquina, em cada lance, com olhos cheios de aflição... Não que eu não ria, rio e muito dos homens e suas fraquezas, suas desilusões contadas uma à uma... Leia-me e se conforma, sou a poesia...
segunda-feira, 10 de março de 2014
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Alguns Poemetos Sem Nome N° 322
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Não sabemos onde vamos parar Mas qualquer lugar é lugar Quantos pingos nos is temos que colocar Quantos amores temos que amar Quantos ...
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