Querido Poetinha:
Recebi tua carta e ao mesmo
tempo estou alegre e triste.
Alegre porque receber notícias
dos amigos sempre é bom. Mesmo que os tenhamos sempre em nosso coração e os
levemos por todos os caminhos que andarmos, termos sua presença mais real entre
nós é sempre uma coisa boa. Fico também feliz em saber em que anda aprecias as
coisas legais que a tua idade pode proporcionar.
Como jovem, deves lembrar
sempre, que apesar do mundo ser na verdade teu e as preocupações sobre o que
acontecerá com ele também, isso não impedirá que gozes as coisas do teu tempo.
Lembra sempre do sol que
brilha, das nuvens que passeiam e das flores que estão pelos jardins do mundo. Lembra
também de como viver é um compromisso que assumimos conosco mesmo e que teremos
que ir até o fim....
Mas triste também por tua
tristeza...
Mas se quiseres, vai aí o que
esse louco que te escreve pode te passar, mas antes, deixa te explicar uma
coisa muito importante, eu não posso te passar alguma verdade absoluta, nem
nenhuma fórmula mágica. O que os meus pés passaram pelo caminho, isso sim,
posso te dizer; e, o que estes velhos olhos cansados puderam reter, posso
mandar-te como um presente...
Chore se necessário for, meu
querido, mas lembra-te sempre que o choro é a tempestade que cai à noite, e que
não impede ao sol brilhar no novo dia.
Grite quando quiser ou puder, é
assim mesmo, sem palavras não existem canções e sem mudanças as coisas não
funcionam.
Lute, ninguém pode vencer por
ti e ainda mais quando teu maior inimigo ocupa o mesmo lugar no espaço.
E continua escrevendo teus
versos. Eles são filhos queridos aos quais não podes negar que também vivam.
No mais, espero que esta te
encontre melhor, e que o teu riso posso ter chegado sem atrasos.
Ah! Quase ia esquecendo de te
comunicar, aqui onde eu moro estão tendo várias procissões e, por isso, tenho
recebido muitos convites para participar delas.
Do teu sempre amigo,
Poeta.
(Para Juh, o Poetinha).
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