sábado, 15 de março de 2014

O Doce Amargo de Uma Boca Que Sorri


Eram dias mais tristes do que esses
Porque até a tristeza envelhece e enfraquece
Em que tanta coisa importava e hoje não
Animem-se senhores o mundo não acabou
E se acabar será por uma boa causa
Qual causa? O veneno que cada um tem
Um apocalipse particular nos anima
E fugir nunca foi tão impossível
Não reparem se meu sorriso é amargo
Ele na verdade era pra ser mais amargo ainda
Mas é que faltou um pouco de espaço
Meu riso é amargo como o dos comediantes
Que mostram a frágil hipocrisia dos homens
É o palhaço fazendo rir no picadeiro
E que ri porque riem dele sem saber
Que ele sabe que atrás desses risos há choro
E o choro sempre é muito e nunca pouco
O sol já está chegando e matando a noite
E ele incomoda todos os nossos pecados
Sob ele as cores são as mais nuas possíveis
Com desespero em muitos detalhes
É tempo de cantar se necessário for
Para esconder todos os alheios gritos
É hora de assistir a novela em busca
De algum ideal que não mais existe
O tempo é agora e nós o desperdiçamos
Como um objeto inútil oferta de liquidação
Vamos todos sorrir em uníssono
Com esse mais doce amargo...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Carliniana XLV (Indissolúvel)

  Plano A... Plano B... O amor é uma pedra Que teima se dissolver na água Quem poderá consegui-lo? Plano A... Plano B... O pássaro encontrou...